Tecnologia inédita promete fabricar painéis solares diretamente na órbita da Terra

Impressão 3D no espaço promete painéis solares leves e eficientes. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Impressão 3D no espaço promete painéis solares leves e eficientes. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

A ideia de produzir painéis solares diretamente na órbita da Terra está prestes a deixar de ser ficção científica. A empresa alemã DCUBED avança em uma tecnologia que pode redefinir como satélites, rebocadores espaciais e plataformas de comunicação recebem energia. O projeto prepara o terreno para um futuro em que estruturas grandes e leves são montadas em ambiente espacial, evitando limites impostos por foguetes e dobradiças complexas. Logo de início, três pontos chamam atenção:

  • Produção orbital reduz custos e elimina mecanismos volumosos
  • O sistema permitirá criar painéis ultrafinos, rígidos após cura no espaço;
  • A meta é demonstrar um painel de 2 kW totalmente fabricado em órbita até 2027.

A lógica por trás da fabricação orbital

O coração da iniciativa é o sistema ARAQYS, projetado para construir painéis solares leves diretamente no espaço. Em vez de lançar estruturas rígidas, a tecnologia utiliza uma manta solar ultrafina, enrolada no satélite durante o lançamento. Assim que o equipamento chega à órbita, essa manta se desenrola e serve como base para a impressão.

Tecnologia orbital pode criar energia diretamente na órbita da Terra. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Tecnologia orbital pode criar energia diretamente na órbita da Terra. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

A seguir, entra em ação uma impressora 3D espacial, que aplica resina sobre a membrana. A intensa radiação ultravioleta presente fora da atmosfera realiza a cura natural do material, deixando-o rígido sem necessidade de energia adicional. O resultado é um painel robusto, menos custoso e produzido exatamente onde será usado.

O futuro das missões de demonstração

O planejamento prevê missões progressivas para validar o conceito. A primeira, já prevista para 2025, deve construir uma estrutura de 60 centímetros. Em seguida, virá um modelo de 1 metro, abrindo caminho para a demonstração completa de 2 kW em 2027. Se tudo correr como o esperado, a tecnologia poderá ser comercializada logo depois, ampliando aplicações em navegação, transmissão energética e constelações de satélites.

Com a expansão da economia espacial e a demanda crescente por energia limpa em órbita, a capacidade de fabricar componentes diretamente no espaço pode reduzir custos, aumentar a autonomia de missões e permitir estruturas maiores do que qualquer foguete conseguiria transportar. 

Estudos publicados em revistas como Acta Astronautica já destacam o potencial desse tipo de manufatura no longo prazo. O avanço coloca a manufatura orbital como uma das apostas mais promissoras da próxima década.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.