O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade costuma ser associado à infância, mas milhares de pessoas chegam à vida adulta convivendo com sintomas que nunca foram reconhecidos. Essa condição pode afetar o trabalho, os relacionamentos, a organização da rotina e até a autoestima.
Nos últimos anos, pesquisas reforçaram que o TDAH adulto é real, comum e frequentemente subdiagnosticado, o que explica por que tantos indivíduos passam décadas tentando “se ajustar” sem entender a verdadeira causa das dificuldades.
Um dos estudos recentes que reforçam isso é a revisão “Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em Adultos: diagnóstico, impactos na saúde mental e estratégias terapêuticas”, publicada em 2025 por Christian Pannain da Cunha. A pesquisa mostra que os sintomas podem persistir da infância até a vida adulta e frequentemente se manifestam de forma mais sutil, especialmente na área da desatenção e das funções executivas.
Primeiros sinais de TDAH em adultos
No adulto, o TDAH tende a se apresentar menos como hiperatividade motora e mais como dificuldades cognitivas, especialmente na capacidade de planejar, focar, organizar e manter constância nas tarefas. Além disso, fatores como estresse, sobrecarga profissional e demandas da vida moderna acabam ampliando esses desafios.
Segundo a revisão publicada em 2025, muitos adultos com TDAH enfrentam também impactos emocionais, como frustração constante, sensação de “sempre estar atrasado”, exaustão mental e dificuldade em manter estabilidade em relacionamentos e carreiras. Por isso, o reconhecimento precoce dos sintomas é fundamental.
Principais sintomas de TDAH em adultos

Embora variem de pessoa para pessoa, alguns sinais são altamente prevalentes:
Desatenção e dificuldade de foco
- Incapacidade de manter atenção em tarefas longas
- Troca constante de atividades antes de concluí-las
- Esquecimento de compromissos, prazos e objetos
- Problemas em seguir instruções ou finalizar projetos
Dificuldades nas funções executivas
- Desorganização persistente
- Procrastinação extrema
- Dificuldade em iniciar tarefas que exigem esforço mental
- Sensação de “cabeça cheia” ou perda de prioridade entre tarefas
Impulsividade
- Tomada de decisões rápidas sem avaliar riscos
- Interrupção frequente em conversas
- Dificuldade em esperar turnos em situações sociais ou profissionais
Hiperatividade mental
- Pensamentos acelerados
- Inquietação interna constante
- Incapacidade de relaxar mesmo em momentos de descanso
Impacto emocional e comportamental
- Oscilações de humor
- Baixa tolerância ao fracasso
- Autocrítica excessiva
- Histórico de tentativas repetidas de “autoorganização” sem sucesso
Por que tantas pessoas só descobrem o TDAH depois dos 25 anos?
O estudo de 2025 reforça que a vida adulta exige mais autonomia, planejamento e controle emocional, o que torna os sintomas muito mais evidentes. Tarefas como gerenciar finanças, cumprir prazos no trabalho, cuidar da casa e manter relacionamentos estáveis demandam justamente habilidades que o TDAH compromete.
Além disso, muitos adultos acabam sendo diagnosticados apenas quando buscam ajuda para ansiedade, depressão, burnout ou dificuldades de produtividade, e então descobrem que o transtorno estava presente há anos.
Quando buscar ajuda
Se os sintomas interferem no trabalho, na rotina ou na qualidade de vida, é importante procurar avaliação profissional. O tratamento costuma envolver uma combinação de:
- Terapia cognitivo-comportamental
- Estratégias de organização e gestão do tempo
- Medicamentos quando indicados
- Acompanhamento contínuo para ajustes
A revisão de 2025 reforça que há opções eficazes e seguras, e que o diagnóstico correto pode transformar a vida adulta, restaurando autonomia e bem-estar.

