Astrônomos flagram estrelas colapsando e desafiam teoria de Einstein no espaço

Estrelas em espiral revelam novos limites da gravidade no cosmos (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Estrelas em espiral revelam novos limites da gravidade no cosmos (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

A poucos milhares de anos-luz da Terra, um sistema estelar compacto está se tornando protagonista de um dos testes naturais mais importantes da física moderna. Chamado ZTF J2130, ele é formado por duas estrelas tão próximas que completam uma órbita em menos de 40 minutos, um cenário extremo que está permitindo observar, quase em tempo real, como a gravidade se comporta quando dois corpos massivos entram em uma espiral de morte.

Logo nos primeiros estudos recentes, ficou claro que esse sistema opera em condições raríssimas. As estrelas, uma anã branca e uma sub-anã aquecida, já estão deformadas pela forte atração mútua, e parte do material da sub-anã flui continuamente para sua companheira. Para entender o fenômeno, os astrônomos analisam:

  • A velocidade da aproximação entre as estrelas;
  • A perda de energia causada pela emissão de ondas gravitacionais;
  • O ritmo de encurtamento do período orbital;
  • Os efeitos observacionais previstos em modelos publicados em revistas como Astronomy & Astrophysics.

A espiral de morte e o papel das ondas gravitacionais

À medida que o sistema perde energia para o espaço na forma dessas ondulações, previstas teoricamente há mais de um século, a separação entre as estrelas diminui gradualmente. As últimas medições indicam que o período orbital encurta cerca de dois trilionésimos de segundo a cada segundo, um valor pequeno, porém consistente com o que a relatividade geral descreve para sistemas tão compactos.

Sistema raro testa a teoria de Einstein com precisão inédita (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Sistema raro testa a teoria de Einstein com precisão inédita (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

Esse grau de precisão só foi alcançado graças a campanhas realizadas em observatórios europeus, que confirmaram a estabilidade do comportamento orbital ao longo dos anos. É justamente essa estabilidade que torna o sistema um laboratório natural para testar limites da teoria da gravidade.

Uma futura explosão estelar no radar da próxima geração de observatórios

Além do impacto teórico, ZTF J2130 será um dos alvos prioritários do LISA, observatório espacial da Agência Espacial Europeia dedicado a medir ondas gravitacionais de baixa frequência. Com lançamento previsto para a década de 2030, o LISA terá sensibilidade para registrar diretamente a radiação gravitacional emitida por essa dupla.

Se a aproximação continuar no ritmo atual, a fusão final deve resultar em um evento explosivo comparável a uma supernova, possivelmente visível até sem instrumentos. Embora ainda distante no tempo, o sistema já antecipa um espetáculo cósmico e oferece um teste único da estrutura do espaço-tempo.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.