Um crânio humano de 12.500 anos encontrado na Caverna Arene Candide, na Itália, revelou ser o exemplo mais antigo de modificação craniana artificial já identificado na Europa.
A pesquisa, publicada recentemente na Scientific Reports, mostra que o homem adulto chamado AC12 teve sua cabeça remodelada ainda na infância, evidenciando práticas culturais sofisticadas do Paleolítico Superior Tardio.
A técnica da modificação craniana
A modificação craniana artificial envolve aplicar pressão controlada na cabeça de bebês, moldando o crânio de forma permanente ao longo do crescimento. No caso do AC12, os pesquisadores identificaram que o formato alongado do crânio provavelmente foi obtido enrolando tiras de tecido firmemente ao redor da cabeça.
- Reconstrução virtual não destrutiva do crânio com tomografias computadorizadas;
- Comparação com crânios globais usando morfometria geométrica;
- Descartada hipótese de doença ou trauma como causa do formato;
- Evidência mais antiga de modificação craniana na Europa (12.190–12.620 anos);
- Prática possivelmente ligada a identidade, status e normas sociais.
Segundo a bioarqueóloga Irene Dori:
“A modificação corporal, incluindo a modelagem craniana, foi uma das muitas estratégias usadas por sociedades do passado para construir e comunicar identidade, status e pertencimento.”
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Significado cultural e comparações globais

Embora a função cerebral do AC12 provavelmente não tenha sido afetada, o crânio é uma prova tangível de que a expressão cultural por meio do corpo já existia há milênios.
Evidências similares foram encontradas na Ásia (11.200 anos) e na Austrália (13.500 anos), enquanto na América Central e do Sul, a prática persistiu por quase 10.000 anos.
A prática podia variar de cultura para cultura, e a análise do DNA dos esqueletos de Arene Candide está em andamento para investigar possíveis diferenças genéticas ou migrações de longa distância.
Corpo como ferramenta de expressão
Além do crânio alongado, os restos da caverna sugerem outros rituais e práticas de decoração corporal, como protetores bucais nos dentes. O estudo reforça que, desde o Paleolítico, os seres humanos utilizavam o corpo não apenas para sobrevivência, mas como meio de comunicação social e cultural.
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