A descoberta de um dinossauro quase intacto está mudando o que se sabia sobre a pré-história britânica. Pesquisadores anunciaram o fóssil mais completo encontrado no Reino Unido em um século, identificado como Comptonatus chasei, uma espécie até então desconhecida.
O achado, descrito no estudo “Comptonatus chasei: a new iguanodontian dinosaur from the Wessex Formation”, publicado no Journal of Systematic Palaeontology por Jeremy Lockwood e colaboradores, reacende o entusiasmo sobre a diversidade de dinossauros que habitaram a região há milhões de anos.
Janela rara para a vida jurássica
A revelação ocorreu na Ilha de Wight, um dos locais mais ricos em fósseis do Reino Unido. Lá, quase 150 ossos do Comptonatus chasei foram recuperados em excelente estado, permitindo reconstruções detalhadas da anatomia da espécie. Essa preservação excepcional ajuda a entender como viviam os pequenos herbívoros que vagavam pela região durante o período Jurássico, mais de 160 milhões de anos atrás.
Os especialistas conseguiram observar estruturas ósseas raramente encontradas completas, o que fornece pistas importantes sobre equilíbrio, postura, musculatura e hábitos de locomoção desse dinossauro. Isso abre caminho para comparações profundas com outras espécies da família Iguanodontia, um grupo conhecido por sua grande variedade morfológica.
Por que a Ilha de Wight revela tantos dinossauros?
A Ilha de Wight é considerada um tesouro paleontológico por causa de suas camadas sedimentares expostas, onde antigas planícies aluviais foram preservadas quase intactas.
Essas áreas acumulavam animais, vegetação e detritos que eram soterrados rapidamente durante fortes chuvas. Foi esse processo que provavelmente manteve o Comptonatus chasei tão completo, evitando que o esqueleto se fragmentasse ou se dispersasse.
Esse tipo de soterramento rápido cria condições ideais para fossilização, permitindo a formação de peças integrais que raramente são encontradas em outras regiões do mundo. Com isso, a ilha continua sendo um dos principais pontos de estudo da vida mesozoica na Europa.
A diversidade dos iguanodontes ganha uma nova peça

Inicialmente, acreditava-se que o fóssil pertencia a um Mantellisaurus atherfieldensis, já que muitos achados semelhantes na ilha costumam ser atribuídos a espécies próximas. No entanto, a análise minuciosa revelou características únicas no crânio e no esqueleto que reforçam a distinção da nova espécie.
O estudo mostra que os iguanodontes que viveram entre o Jurássico e o Cretáceo eram mais variados do que se pensava. O Comptonatus chasei amplia esse panorama e sugere que a evolução desse grupo pode ter sido muito mais dinâmica. Embora ainda não seja possível afirmar se essa diversidade foi consequência de rápidas adaptações ou coexistência prolongada entre múltiplas espécies, o achado ajuda a preencher lacunas importantes sobre o período.
O que essa descoberta representa
O Comptonatus chasei oferece uma oportunidade rara de investigar estruturas jamais observadas com tanta completude em um fóssil britânico. À medida que novas análises forem realizadas, os pesquisadores esperam compreender desde padrões evolutivos até aspectos de comportamento desse dinossauro herbívoro.
Além disso, a descoberta reforça a importância da Ilha de Wight como um dos maiores laboratórios naturais do mundo para quem busca reconstruir a história da Terra.

