Aumentar massa muscular protege o cérebro e a memória, diz estudo

Preservar massa muscular protege funções cognitivas. (Foto: Getty Images via Canva)
Preservar massa muscular protege funções cognitivas. (Foto: Getty Images via Canva)

Manter massa muscular adequada e reduzir a gordura visceral pode ser mais importante do que se imagina para a saúde do cérebro. Um estudo com 1.164 adultos, liderado por Yuichiro Chino e apresentado na reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA), revela que indivíduos com maior volume muscular e menor gordura abdominal apresentaram uma idade cerebral estimada mais jovem, calculada por inteligência artificial a partir de ressonâncias magnéticas.

Composição corporal e idade cerebral

A pesquisa analisou quatro fatores principais:

  • Volume total de músculos
  • Quantidade de gordura visceral
  • Quantidade de gordura subcutânea
  • Estruturas cerebrais

As análises mostraram que a gordura subcutânea não impacta a idade cerebral, enquanto a gordura visceral se associou a envelhecimento cerebral acelerado. Por outro lado, a massa muscular teve efeito protetor, sugerindo que músculos preservados podem retardar processos de declínio cognitivo.

Por que a gordura visceral prejudica o cérebro?

Exercícios e alimentação equilibrada reduzem riscos neurológicos. (Foto: Roberto Castillo via Gemini)
Exercícios e alimentação equilibrada reduzem riscos neurológicos. (Foto: Roberto Castillo via Gemini)

Localizada profundamente na cavidade abdominal, a gordura visceral envolve órgãos vitais e está ligada a alterações metabólicas como:

  • Inflamação sistêmica
  • Desregulação hormonal
  • Maior risco de doenças metabólicas

Esses fatores podem contribuir para alterações cerebrais e acelerar o envelhecimento do cérebro. Avaliar apenas o peso corporal ou o IMC não oferece essa visão detalhada; a composição corporal fornece uma leitura mais precisa da saúde metabólica e neurológica.

O papel protetor da massa muscular

Preservar massa muscular ao longo da vida ajuda a:

  • Reduzir fragilidade física
  • Proteger o cérebro contra processos de declínio cognitivo
  • Servir como parâmetro em pesquisas sobre prevenção de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer

Exames de imagem que quantificam a massa muscular podem monitorar intervenções de exercícios, alimentação ou terapias voltadas à saúde cerebral.

Aplicações práticas e prevenção

O estudo aponta estratégias para cuidar do corpo e do cérebro:

  • Priorizar exercícios de força para ganho e manutenção muscular
  • Adotar dieta balanceada que favoreça redução de gordura visceral
  • Monitorar intervenções com exames de imagem
  • Atenção a medicamentos para perda de peso, como agonistas de GLP-1, que podem reduzir gordura, mas também massa muscular

Essas medidas permitem ajustar tratamentos, evitando perda de músculos e potencializando os benefícios para o envelhecimento cerebral saudável.

Manter mais músculos e menos gordura visceral não só melhora a saúde metabólica, mas também preserva o cérebro biologicamente mais jovem

Estratégias simples de treino, alimentação e acompanhamento clínico podem reduzir o risco de declínio cognitivo e doenças neurodegenerativas. A composição corporal surge, portanto, como um marcador importante para o envelhecimento saudável do cérebro.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.