Consumo de queijo revela efeito surpreendente na saúde cerebral de idosos, diz estudo

Queijo pode ajudar a proteger a saúde do cérebro. (Foto: Getty Images via Canva)
Queijo pode ajudar a proteger a saúde do cérebro. (Foto: Getty Images via Canva)

Entre os muitos fatores que moldam a saúde do cérebro ao longo do envelhecimento, a alimentação segue ganhando espaço nas pesquisas científicas. Um estudo publicado na revista Nutrients, conduzido por pesquisadores da Universidade de Niimi, avaliou como o consumo semanal de queijo poderia estar relacionado ao risco de desenvolver demência em idosos. Os resultados sugerem que incluir o alimento na rotina pode trazer um efeito benéfico modesto, porém constante.

Como a pesquisa analisou a relação entre queijo e cognição

Os cientistas acompanharam 7.914 idosos durante três anos e compararam dois grupos: pessoas que comiam queijo ao menos uma vez por semana e aquelas que não consumiam o alimento. Ao final do estudo, observou-se que o grupo consumidor apresentou uma taxa menor de casos de demência.

Para entender o impacto observado, os pesquisadores analisaram:

  • frequência semanal de consumo de queijo
  • ocorrência de novos diagnósticos de demência
  • tipos de queijo mais ingeridos
  • fatores de saúde que poderiam influenciar os resultados

As análises mostraram uma diferença numérica entre os grupos: 3,4% dos consumidores desenvolveram demência, contra 4,5% entre os que não consumiam. Isso representou cerca de 11 casos adicionais por mil pessoas no grupo que evitava o alimento.

Por que o queijo pode exercer um efeito protetor?

Nutrientes do queijo favorecem a função cognitiva. (Foto: Pexels via Canva)
Nutrientes do queijo favorecem a função cognitiva. (Foto: Pexels via Canva)

A associação encontrada não indica uma relação direta de causa e efeito, mas sugere mecanismos biológicos possíveis. O queijo contém nutrientes importantes para a saúde cerebral, entre eles:

  • vitamina K, relacionada ao funcionamento neuronal
  • compostos formados na fermentação, que modulam a microbiota
  • proteínas e minerais ligados ao metabolismo cognitivo

Segundo dados reunidos pelos autores, alimentos fermentados podem favorecer a saúde vascular, o que também impacta o risco de demência, já que eventos cerebrovasculares estão entre as causas mais frequentes da doença.

Nem todo queijo oferece o mesmo benefício

Um ponto importante do estudo foi a análise dos tipos de queijo consumidos. Entre os participantes que faziam uso do alimento:

  • 82,7% preferiam queijos processados
  • 7,8% consumiam queijos de mofo branco
  • 3,9% optavam por versões frescas

Os pesquisadores indicam que escolhas menos gordurosas e menos processadas tendem a oferecer um perfil nutricional mais vantajoso, especialmente para pessoas que desejam reforçar hábitos preventivos.

Outro dado interessante é que a maior parte dos consumidores comia queijo apenas uma ou duas vezes por semana, mostrando que o possível benefício não exige grandes quantidades.

O que esses achados significam para o dia a dia?

Embora os efeitos individuais sejam pequenos, o estudo aponta que pequenas escolhas alimentares podem contribuir para um envelhecimento cognitivo mais saudável. 

Para populações envelhecidas, adotar padrões alimentares equilibrados, incluindo queijos de melhor qualidade em moderação, pode representar uma estratégia simples e acessível de cuidado preventivo.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.