Novo estudo indica que música diminui risco de demência na terceira idade

Ouvir música após os 70 pode proteger a memória e reduzir a demência. (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Ouvir música após os 70 pode proteger a memória e reduzir a demência. (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

A ideia de que a música acalma e inspira não é novidade, mas agora ela ganha um novo papel: proteger o cérebro no envelhecimento. Um estudo liderado pela Universidade Monash, publicado no International Journal of Geriatric Psychiatry, revelou que atividades musicais podem reduzir significativamente o risco de demência e de comprometimento cognitivo em pessoas acima de 70 anos. Os achados reforçam a importância de intervenções acessíveis para promover a saúde cerebral em uma fase da vida marcada por grandes desafios cognitivos.

De acordo com a pesquisa, a música parece atuar como um estímulo capaz de manter áreas do cérebro ativas, favorecendo memória, atenção e flexibilidade mental. Para os especialistas, essa descoberta amplia o entendimento sobre o impacto do estilo de vida no envelhecimento saudável. Principais resultados apontados pelo estudo:

  • Ouvir música após os 70 reduziu o risco de demência em 39%;
  • Tocar um instrumento foi relacionado a uma diminuição de 35% no risco;
  • Apenas ouvir música diminuiu em 17% o comprometimento cognitivo;
  • Participar regularmente de atividades musicais reduziu em 33% o risco de demência;
  • O envolvimento musical também reduziu em 22% o risco de declínio cognitivo.

Por que a música protege o cérebro?

Embora o estudo não estabeleça causalidade, os resultados sugerem que a música funciona como um treinamento cognitivo multissensorial. Ela ativa áreas cerebrais relacionadas à linguagem, memória, coordenação motora e emoção. Além disso, favorece a neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de criar novas conexões, mesmo em idade avançada.

Atividades musicais na velhice ajudam a manter o cérebro ativo. (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Atividades musicais na velhice ajudam a manter o cérebro ativo. (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Outro ponto importante é que atividades musicais envolvem atenção sustentada, tomada de decisão e processamento auditivo, habilidades essenciais para a saúde cognitiva. Assim, quanto maior o engajamento, maior o potencial benefício.

Estilo de vida como fator decisivo na longevidade cerebral

Apesar de alterações naturais do envelhecimento, escolhas cotidianas podem retardar o declínio cognitivo. Além da música, hábitos simples contribuem para a preservação da saúde cerebral ao longo do tempo.

Entre as recomendações mais eficazes estão a prática regular de exercícios físicos, alimentação equilibrada e estímulos cognitivos variados. O cérebro se beneficia de desafios, especialmente aqueles que exigem raciocínio, memória e criatividade.

Atividades que também fortalecem o cérebro

Assim como a música, outras práticas podem ajudar a preservar a cognição:

  • Quebra-cabeças;
  • Palavras cruzadas;
  • Jogos de tabuleiro e videogames;
  • Sudoku;
  • Cálculos matemáticos;
  • Uso de ábaco ou jogos de lógica.

Aprender uma habilidade nova, seja um instrumento, um idioma ou um esporte, também se destaca como estratégia eficiente. Quanto mais variada a estimulação, maior a capacidade de manter o cérebro ativo e resistente ao envelhecimento.

Embora não exista cura para a demência, estudos como este reforçam que intervenções simples e prazerosas podem ter impacto real na saúde cognitiva. A música surge como uma ferramenta acessível, culturalmente ampla e emocionalmente significativa, capaz de contribuir para um envelhecimento mais ativo, independente e conectado.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.