A descoberta de um segundo planeta no sistema TOI-1422, localizado a cerca de 500 anos-luz, reacendeu o interesse científico sobre como mundos distantes se organizam ao redor de suas estrelas. O novo exoplaneta, chamado TOI-1422 c, apresenta características que desafiam padrões tradicionalmente observados em sistemas multiplanetários e abre espaço para novas hipóteses sobre formação e evolução planetária.
Logo após os primeiros resultados, astrônomos europeus confirmaram que TOI-1422 c é um mundo compacto, denso e significativamente massivo quando comparado ao planeta interno já conhecido no mesmo sistema. A seguir, um resumo rápido do que torna essa descoberta especialmente relevante:
- Localização: aproximadamente 505 anos-luz de distância;
- Tipo de estrela: semelhante ao Sol, com cerca de 4,6 bilhões de anos;
- Raio do planeta: cerca de 2,6 vezes o raio da Terra;
- Massa: aproximadamente 14 vezes maior que a terrestre;
- Temperatura estimada: em torno de 628 K.
Um sistema que desafia padrões conhecidos
A estrela TOI-1422, classificada como G2V, apresenta estrutura muito parecida com a do nosso Sol, o que costuma favorecer análises comparativas. Entretanto, o comportamento orbital dos seus planetas foge completamente do esperado. O já conhecido TOI-1422 b, um mundo do tamanho de Netuno em órbita de cerca de 13 dias, não segue a lógica das formações em que o planeta externo tende a ser maior ou menos denso.

Em contraste, TOI-1422 c, com órbita de aproximadamente 34,5 dias, possui menor tamanho, mas quase 50% mais massa do que o planeta interno. Esse tipo de arranjo, conhecido como arquitetura antiordenada, é raro e chama atenção por desafiar modelos consolidados de distribuição de massa e densidade nos sistemas multiplanetários.
Além disso, o novo estudo aponta que TOI-1422 c se encaixa na categoria de sub-Netunos, um tipo de exoplaneta que combina características intermediárias entre super-Terras e planetas gasosos. Sua densidade estimada, de 4,3 g/cm³, sugere uma composição robusta e uma possível atmosfera moderada, embora ainda não existam dados suficientes para detalhar sua estrutura atmosférica.
Sinais de um possível terceiro planeta
Outro aspecto intrigante é a detecção de variações nos tempos de trânsito do planeta TOI-1422 b, conhecidas como TTVs. Essas oscilações não são compatíveis com a influência gravitacional do recém-confirmado TOI-1422 c, indicando que um terceiro corpo pode estar atuando no sistema, embora ainda não tenha sido identificado de forma direta.
Essa possibilidade coloca TOI-1422 no centro das atenções, pois sistemas com dinâmica complexa são fundamentais para testar modelos de formação planetária e compreender por que alguns arranjos seguem padrões previsíveis e outros se desviam completamente.
Observações mais precisas, especialmente medições adicionais de velocidade radial, devem ajudar a esclarecer se há, de fato, mais um planeta escondido ali.

