Telescópio Roman da NASA vai estudar estrelas e revolucionar ciência de exoplanetas

Telescópio Roman vai mapear centenas de milhares de estrelas no bojo galáctico (Imagem: NASA/ Adaptado com Gemini)
Telescópio Roman vai mapear centenas de milhares de estrelas no bojo galáctico (Imagem: NASA/ Adaptado com Gemini)

O Telescópio Espacial Nancy Grace Roman da NASA promete revolucionar nossa compreensão do bojo galáctico e das estrelas que o habitam. Programado para lançamento entre o outono de 2026 e maio de 2027, o Roman vai muito além do estudo de exoplanetas, oferecendo oportunidades inéditas para a astrossismologia, ciência que analisa as oscilações estelares e revela características fundamentais como idade, massa e tamanho das estrelas.

Estudos recentes demonstram a viabilidade de utilizar o Roman para este tipo de análise, baseando-se em dados coletados pelo Telescópio Kepler. Entre os pontos mais relevantes dessa pesquisa, destacam-se:

  • Capacidade de observar mais de 300.000 estrelas, principalmente gigantes vermelhas;
  • Frequência de observação de 12 minutos, ideal para detectar variações de brilho;
  • Monitoramento detalhado do bojo galáctico durante períodos de 70,5 dias, seis vezes consecutivas;
  • Potencial para integrar astrossismologia e ciência de exoplanetas, ampliando resultados;
  • Uso de sonificação e simulações para traduzir oscilações estelares em dados compreensíveis.

Decifrando as estrelas com a astrossismologia

As estrelas não são corpos estáticos; sua natureza turbulenta produz ondas internas que alteram seu brilho. A astrossismologia estuda essas flutuações, permitindo inferir propriedades físicas detalhadas das estrelas. Enquanto o Kepler forneceu dados astrossísmicos de cerca de 16.000 estrelas, o Roman ampliará drasticamente essa amostra, capturando informações de centenas de milhares de gigantes vermelhas e estrelas do ramo vermelho.

Astrossismologia com Roman promete revelar idade e massa de estrelas gigantes (Imagem: NASA)
Astrossismologia com Roman promete revelar idade e massa de estrelas gigantes (Imagem: NASA)

A combinação do levantamento do bojo galáctico com a cadência de observação planejada torna o Roman particularmente eficiente. Sua capacidade de detectar oscilações estelares em escalas de horas a dias permitirá um mapeamento sem precedentes do centro da Via Láctea, abrindo portas para novas descobertas sobre a formação e evolução da galáxia.

Sinfonia das estrelas: sonificação e análise

Um recurso inovador é a sonificação, que converte ondas estelares em som. Essa técnica permite representar visual e auditivamente as diferenças entre o Sol e gigantes vermelhas, criando uma percepção única das oscilações internas das estrelas. Embora o Roman não observe o Sol diretamente, o método ilustra como será possível estudar diferentes tipos de estrelas de forma intuitiva e científica.

Além de fortalecer o estudo das estrelas, a astrossismologia fornece contexto para a detecção de exoplanetas. Ao compreender a idade e a composição das estrelas hospedeiras, os cientistas poderão interpretar com maior precisão a formação e as características desses mundos distantes.

O levantamento do bojo galáctico não se limita à astrossismologia: ele também revela padrões químicos, populações estelares jovens e outros fenômenos até então invisíveis devido à poeira que obscurece o centro da galáxia. O Roman promete, portanto, uma nova janela para a Via Láctea, integrando diversas áreas da astronomia e beneficiando pesquisadores de exoplanetas, galáxias e evolução estelar.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.