Foto inédita mostra 3I/ATLAS ainda ativo mesmo longe do Sol e intriga astrônomos

Nova imagem revela cauda e coma do cometa interestelar 3I/ATLAS. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
Nova imagem revela cauda e coma do cometa interestelar 3I/ATLAS. (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

O cometa 3I/ATLAS, um dos raríssimos viajantes interestelares que já cruzaram o Sistema Solar, acaba de ganhar uma nova imagem que revela sua impressionante atividade contínua. Mesmo após ter passado pelo periélio, o objeto segue liberando gás e poeira em grandes quantidades, comportamento incomum para visitantes formados fora da nossa vizinhança estelar. A foto mais recente, capturada em novembro, oferece pistas valiosas sobre como esses corpos interagem com o vento solar e evoluem após sua máxima aproximação com o Sol.

A atividade ainda intensa é importante porque objetos interestelares tendem a perder brilho rapidamente, tornando registros contínuos extremamente valiosos para a astronomia moderna. Destaques revelados pela nova imagem:

  • Cauda longa e estreita, moldada pelo vento solar;
  • Coma assimétrica, indicando liberação acelerada de material;
  • Emissão de poeira persistente semanas após o periélio;
  • Estrutura típica de cometas em rápida perda de massa;
  • Oportunidade rara de estudar um objeto vindo de outra região da galáxia.

Uma estrutura que ajuda a decifrar a origem

A fotografia mostra uma cauda fina e bem definida, evidenciando que o vento solar está removendo partículas carregadas da coma de forma eficiente. A assimetria observada na nuvem de gás ao redor do núcleo também reforça que o 3I/ATLAS segue ativo, expelindo material conforme se afasta do Sol. Essa configuração permite estimar o tamanho das partículas, a densidade do jato de poeira e até padrões de rotação do núcleo.

Cometa 3I/ATLAS fotografado no dia 17 novembro em Aguadilla, Porto Rico. (Imagem: Efrain Morales via Spaceweather.com)
Cometa 3I/ATLAS fotografado no dia 17/11/25 em Aguadilla, Porto Rico. (Imagem: Efrain Morales via Spaceweather.com)

O 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar já detectado, o que coloca cada imagem em uma categoria científica especial. Diferentemente de cometas originados na Nuvem de Oort, esses visitantes carregam informações sobre ambientes completamente diferentes daqueles que deram origem ao Sistema Solar.

Comparações globais ampliam o entendimento

Observações feitas por diferentes iniciativas e observatórios ao redor do mundo ajudam a compor uma linha temporal da evolução do cometa. Registros posteriores também confirmaram uma cauda iônica estreita, típica de interações mais intensas com partículas carregadas provenientes do Sol. Esse tipo de cauda se forma quando o gás emitido pela coma é ionizado pela radiação ultravioleta, transformando-se em um “rastro elétrico” empurrado pelo vento solar.

Esses dados, quando combinados, ajudam astrônomos a modelar a dinâmica de cometas interestelares, estimando sua taxa de perda de massa, composição química e vida útil enquanto cruzam a nossa vizinhança planetária.

Expectativa por novas imagens espaciais

Nos próximos dias, imagens produzidas por missões da NASA devem revelar detalhes ainda não divulgados sobre o 3I/ATLAS. A análise do material captado no espaço promete ampliar a compreensão sobre como esses corpos se comportam ao entrar em regiões dominadas pela radiação solar e pelas forças do campo magnético heliosférico.O fenômeno representa uma chance singular de estudar um objeto vindo de outro canto da Via Láctea, permitindo comparar sua composição com a de cometas nativos do nosso sistema.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.