Rover Perseverance encontra rocha misteriosa em Marte e intriga cientistas da NASA

Rover detecta rocha metálica em Marte e intriga pesquisadores (Imagem: NASA/JPL-Caltech)
Rover detecta rocha metálica em Marte e intriga pesquisadores (Imagem: NASA/JPL-Caltech)

A superfície de Marte acaba de ganhar um novo enigma. Enquanto explorava a cratera Jezero, o rover Perseverance, da NASA, identificou uma rocha incomum que se destaca do terreno árido e fraturado ao redor. O objeto, batizado de Phippsaksla, chama atenção por seu brilho metálico e pela composição diferente do restante da paisagem marciana. A descoberta rapidamente despertou a curiosidade da equipe científica, que agora investiga se o material pode ser um meteorito rico em ferro e níquel, algo relativamente raro na região estudada.

Logo após a primeira análise, o interesse aumentou ainda mais, especialmente porque meteoritos metálicos costumam resistir por longos períodos no planeta vermelho. A suspeita inicial ganhou força com os dados coletados por instrumentos de alta precisão a bordo do rover. Principais pontos da descoberta:

  • Phippsaksla tem cerca de 80 cm e se destaca do ambiente ao redor;
  • O Perseverance identificou elevada concentração de ferro e níquel;
  • Meteoritos metálicos já foram vistos por outros rovers, mas ainda não por ele;
  • A rocha pode ter vindo do interior de um grande asteroide;
  • A descoberta ajuda a entender o histórico de impactos e erosão em Marte.

Um objeto que destoa da paisagem marciana

O Perseverance registrou imagens da rocha em diferentes dias e, após as primeiras avaliações, decidiu orientar seus instrumentos para a análise da composição. O equipamento SuperCam, responsável por investigar minerais por meio de lasers e espectroscopia, revelou concentrações atípicas de metais típicos de meteoritos ferrosos. Esse padrão químico reforça a ideia de que Phippsaksla não teria se formado em Marte, mas surgido de um objeto espacial fragmentado antes de cair na superfície do planeta.

Meteorito incomum surge em Jezero e levanta novas hipóteses científicas (Imagem: NASA/JPL-Caltech/ASU)
Meteorito incomum surge em Jezero e levanta novas hipóteses científicas (Imagem: NASA/JPL-Caltech/ASU)

Além disso, meteoritos metálicos costumam permanecer preservados por longos períodos devido à baixa umidade e ao lento processo de erosão marciana. Por isso, encontrar um exemplar tão bem conservado sugere que ele pode ter atravessado eras de ventos e tempestades sem sofrer danos significativos.

O que a nova rocha pode revelar sobre o passado de Marte

Desde 2021, o Perseverance explora Jezero em busca de pistas sobre a antiga atividade geológica e a possível presença de água no passado. A identificação de um meteorito desse porte contribui para compreender não apenas os impactos sofridos pelo planeta, mas também o fluxo de materiais vindos do espaço ao longo de sua história.

A Sociedade Meteorítica reconhece 15 meteoritos metálicos já encontrados em Marte, todos detectados por exploradores robóticos. A eventual confirmação de Phippsaksla como um novo exemplar colocaria o Perseverance no mesmo grupo de rovers que já registraram materiais extraterrestres sólidos no planeta.

A equipe agora planeja obter mais leituras químicas, avaliar texturas superficiais e analisar o grau de erosão. Essas informações podem revelar se o objeto chegou recentemente ou se permanece ali há milhões de anos. Enquanto isso, o Perseverance continua estudando rochas mais antigas fora de Jezero para montar um panorama mais amplo da evolução marciana.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.