Durante grande parte da história, o sono contínuo de oito horas era raro. Antes da iluminação artificial se popularizar, os seres humanos dormiam em dois períodos, conhecidos como “primeiro sono” e “segundo sono”, separados por um intervalo de vigília de cerca de uma hora. Durante essa pausa, as pessoas realizavam atividades práticas, sociais ou de lazer, tornando a noite mais produtiva e percebida de forma menos contínua.
Pesquisas históricas e literárias, incluindo registros de Homero e Virgílio, indicam que essa prática era comum em várias culturas ao redor do mundo, desde a Europa até a Ásia e a África.
O impacto da vida moderna
O sono fragmentado começou a desaparecer com a introdução da iluminação artificial, primeiro a óleo, depois a gás e, finalmente, a luz elétrica. Essa mudança permitiu que as pessoas permanecessem acordadas até mais tarde, alterando o ritmo circadiano e diminuindo a tendência natural de acordar no meio da noite.
A Revolução Industrial também contribuiu para a padronização do sono, com horários rígidos de trabalho incentivando longos períodos contínuos de descanso. Hoje, o conceito de “uma noite completa” de sono é visto como norma, embora nosso cérebro ainda esteja biologicamente preparado para despertares curtos durante a madrugada.
Benefícios do sono em duas etapas

Estudos de comunidades sem eletricidade e de experimentos em ambientes isolados demonstram que dividir a noite em dois períodos pode ser natural para os humanos. Alguns dos efeitos positivos incluem:
- Redução da percepção de monotonia em noites longas.
- Momento para relaxamento mental, oração ou reflexão.
- Oportunidade para pequenas tarefas domésticas ou cuidado com animais.
- Espaço para socialização tranquila ou intimidade entre casais.
Além disso, acordar brevemente durante a noite não indica insônia, mas pode ser um resquício do padrão evolutivo do sono.
Como lidar com despertares noturnos
Se acordar à meia-noite causa ansiedade ou frustração, algumas estratégias podem ajudar:
- Evite luz intensa: use iluminação fraca para atividades breves.
- Faça algo relaxante: ler ou ouvir música suave ajuda a voltar a dormir.
- Não fixe o olhar no relógio: medir o tempo aumenta a percepção de insônia.
- Mantenha uma rotina regular: horários consistentes fortalecem o ritmo circadiano.
Terapias comportamentais, como a TCC-I (terapia cognitivo-comportamental para insônia), indicam que aceitar a vigília momentânea e permanecer calmo é a forma mais saudável de retomar o sono.

