A busca por perda de peso rápida tem levado muitas pessoas a recorrer a medicamentos como Ozempic (semaglutida), Mounjaro (tirzepatida). Recentemente, um estudo publicado no PubMed em 29 de outubro de 2025 levantou a hipótese de que o uso dessas substâncias pode reduzir a duração do efeito do botox, tanto em tratamentos estéticos quanto clínicos.
A pesquisa utilizou modelagem computacional para analisar o comportamento de 25 mil pacientes virtuais, simulando os efeitos do agonista do receptor GLP-1 sobre a toxina botulínica tipo A. Os resultados indicaram uma redução média de cerca de quatro semanas na ação do botox, sugerindo que o metabolismo e a atividade neuromuscular podem influenciar a eficácia da toxina.
Como a pesquisa foi conduzida
Para investigar essa interação, os pesquisadores criaram um modelo digital que permitiu comparar diferentes grupos de pacientes:
- Usuários de semaglutida, tirzepatida, liraglutida e dulaglutida
- Grupo controle sem uso de medicamentos
Todos receberam 100 unidades de toxina botulínica tipo A em simulações faciais e em tratamentos de enxaqueca crônica.
Os resultados mostraram:
- Aplicações faciais: efeito do botox caiu de 20 para aproximadamente 16 semanas
- Tratamento de enxaqueca: efeito reduziu de 14 para cerca de 12 semanas
- Maior impacto: observado na tirzepatida, embora todos os medicamentos tenham apresentado efeito semelhante
Possíveis mecanismos da interação

Os cientistas identificaram três fatores principais que podem contribuir para o encurtamento do efeito do botox:
- Modulação sináptica: alterações na comunicação entre neurônios podem reduzir a ação da toxina
- Perda de massa magra: mudanças musculares podem interferir na duração do efeito
- Alterações metabólicas: o metabolismo acelerado pelo uso prolongado dos medicamentos pode diminuir a persistência da toxina
O estudo apontou que mais da metade da redução estaria ligada à modulação sináptica, ou seja, à adaptação do sistema nervoso à toxina.
Limites e próximos passos
É importante destacar que os achados derivam de simulações computacionais, sem comprovação clínica direta. Por isso, os resultados devem ser interpretados com cautela.
Pesquisas adicionais, envolvendo experimentos laboratoriais e estudos observacionais, são essenciais antes de qualquer ajuste nos intervalos de aplicação do botox ou nas recomendações de uso para pacientes que utilizam canetas emagrecedoras.
Embora ainda preliminar, o estudo sugere uma relação potencialmente significativa entre agonistas do receptor GLP-1 e a redução da duração da toxina botulínica tipo A.
Pacientes que utilizam esses medicamentos e realizam tratamentos estéticos ou clínicos com botox devem estar atentos e discutir a situação com seus profissionais de saúde antes de planejar novas aplicações.

