Apesar de anfíbios como os sapos precisarem de água para sobreviver e se reproduzir, pesquisas recentes revelam que enchentes podem ser mais prejudiciais que incêndios florestais. No leste da Austrália, rãs de diversas espécies enfrentaram mortandade em massa após eventos climáticos extremos, desafiando suposições antigas sobre resiliência desses animais.
Sapos dependem de ambientes aquáticos para reprodução e crescimento de ovos e girinos. Contudo, quando as chuvas se tornam excessivas e rápidas, elas podem destruir habitats, arrastando ovos e juvenis, e espalhando produtos químicos ou patógenos nocivos. Principais fatores que tornam enchentes críticas para os sapos:
- Arraste de ovos e girinos, comprometendo a reprodução;
- Destruição de habitats de reprodução sensíveis;
- Dispersão de pesticidas e poluentes;
- Criação de condições favoráveis ao fungo quitrídio, causador da quitridiomicose;
- Redução da riqueza de espécies em áreas alagadas.
Incêndios florestais: ameaça menor do que se imaginava
Contrariando expectativas, estudos indicam que os incêndios florestais do verão negro (2019-2020) não reduziram significativamente o número de espécies de rãs a curto prazo. Essa resiliência sugere que algumas espécies conseguiram sobreviver em áreas queimadas ou se deslocar temporariamente para regiões seguras.

No entanto, a longo prazo, especialmente para espécies de floresta tropical, os efeitos do fogo ainda não estão totalmente compreendidos, e monitoramento contínuo é essencial para avaliar impactos duradouros.
Veja também:
- Mudanças climáticas podem elevar em 91% o risco global de incêndios florestais
- Sapos mudam de cor em minutos e revelam truque para sucesso reprodutivo
O papel da ciência cidadã no monitoramento de rãs
A coleta de dados em eventos extremos é desafiadora devido à imprevisibilidade dos desastres naturais. Felizmente, projetos de ciência cidadã como o FrogID fornecem registros valiosos das vocalizações de rãs, permitindo:
- Comparar riqueza de espécies antes e depois de desastres;
- Monitorar resiliência e mortalidade das populações;
- Detectar ameaças emergentes como fungos e poluentes;
- Apoiar decisões de conservação e manejo ambiental;
- Estabelecer dados de referência para pesquisas futuras.
Um futuro incerto para anfíbios australianos
Com a intensificação de eventos climáticos extremos, tanto incêndios quanto enchentes serão mais frequentes, testando a resiliência de sapos e rãs australianas. Embora a maioria das espécies tenha evoluído em condições adversas, a frequência e intensidade das catástrofes modernas pode superar sua capacidade de adaptação.
Dados contínuos sobre reação da vida selvagem são essenciais para estratégias de conservação, e o envolvimento da população com projetos de monitoramento é crucial para proteger esses indicadores vitais de ecossistemas saudáveis.

