Nas redes sociais, surgem constantemente promessas de curas milagrosas para o câncer. A mais recente delas defende o jejum de água por 21 dias, alegando que a privação alimentar seria capaz de “matar de fome” as células cancerosas e purificar o organismo.
Embora a ideia pareça natural e atraente, a ciência desmente totalmente essa teoria, e alerta que a prática pode ser perigosa.
O que realmente acontece com o corpo durante o jejum
Abster-se completamente de alimentos por longos períodos não elimina tumores nem estimula a cura. O jejum prolongado provoca queda nos níveis de glicose e eletrólitos, perda de massa muscular e desequilíbrio metabólico, comprometendo funções vitais.
Estudos recentes mostram que, embora períodos curtos de restrição alimentar possam ativar processos de autofagia e reparo celular, esses efeitos desaparecem rapidamente e não têm relação com a destruição de células cancerosas.
Além disso, as células malignas são altamente adaptáveis e conseguem encontrar novas fontes de energia mesmo diante da escassez de nutrientes. Em vez de enfraquecê-las, o jejum extremo pode fragilizar o sistema imunológico e reduzir a capacidade do corpo de combater o câncer.
Por que o jejum prolongado é perigoso

Um jejum de água de três semanas pode causar complicações sérias, como:
- Desidratação e arritmia cardíaca;
- Queda acentuada da pressão arterial;
- Enfraquecimento muscular e fadiga extrema;
- Deficiência de vitaminas e minerais essenciais.
Esses efeitos são ainda mais graves em pessoas que já estão debilitadas por doenças crônicas ou em tratamento oncológico.
Durante a quimioterapia ou radioterapia, o corpo precisa de energia e nutrientes para suportar os medicamentos e reparar os tecidos danificados. A falta de alimentação adequada potencializa os efeitos colaterais e pode reduzir a eficácia do tratamento.
O mito da “desintoxicação”
Grande parte do apelo do jejum vem da falsa crença de que o corpo precisa ser “limpo” de toxinas.
Na realidade, o organismo já possui sistemas naturais altamente eficientes para essa função. Fígado, rins, pulmões e pele trabalham continuamente para eliminar impurezas e manter o equilíbrio interno. Nenhum jejum prolongado substitui esses processos, e forçar o corpo com restrição extrema só o coloca em risco.
O que a ciência realmente diz
As pesquisas mais sérias sobre o tema analisam jejuns curtos ou intermitentes, de até 72 horas, e sob supervisão médica. Esses estudos exploram possíveis benefícios metabólicos, como melhora da sensibilidade à insulina e controle da inflamação, mas não envolvem jejuns extremos apenas com água.
O jejum de 21 dias é uma prática sem base científica e com potencial de causar danos irreversíveis.
O foco deve estar em alimentação equilibrada, hidratação adequada, sono regular e acompanhamento médico. Essas medidas fortalecem o corpo e apoiam o tratamento de forma segura, ao contrário de promessas enganosas que circulam nas redes.

