James Webb pode ter flagrado as primeiras estrelas que iluminaram o Universo

James Webb pode ter revelado as primeiras estrelas do Universo (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)
James Webb pode ter revelado as primeiras estrelas do Universo (Imagem: Gerada por IA/ Gemini)

Por quase um século, astrônomos tentam confirmar a existência das primeiras estrelas do Universo, conhecidas como População III. Agora, o Telescópio Espacial James Webb pode ter conseguido esse feito histórico. Observações recentes revelaram um aglomerado estelar chamado LAP1-B, situado a cerca de 13 bilhões de anos-luz da Terra, que apresenta características compatíveis com esses astros primordiais.

Essas estrelas seriam formadas apenas por hidrogênio, hélio e matéria escura, elementos predominantes logo após o Big Bang, há 13,8 bilhões de anos. O estudo, publicado na The Astrophysical Journal Letters, sugere que o Webb captou um vislumbre do início da formação estelar no cosmos. Principais destaques da descoberta:

  • O aglomerado LAP1-B pode conter estrelas da População III, nunca antes confirmadas;
  • Elas teriam até 100 vezes a massa do Sol e brilho extremamente intenso;
  • O ambiente apresenta baixa metalicidade, típico das primeiras estruturas do Universo;
  • O achado foi possível graças ao efeito de lente gravitacional;
  • A observação contribui para entender como a luz surgiu no cosmos primitivo.

A janela do tempo aberta pelo James Webb

Aglomerado LAP1-B mostra pistas da origem das primeiras luzes (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Aglomerado LAP1-B mostra pistas da origem das primeiras luzes (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

O Telescópio James Webb, com seu espelho de 6,5 metros, foi capaz de detectar a luz dessas estrelas graças à lente gravitacional, fenômeno em que a gravidade de um corpo massivo, como uma galáxia, distorce a luz de objetos mais distantes. No caso, a galáxia MACS J0416 funcionou como uma lente natural, ampliando a visão do aglomerado LAP1-B.

Essa combinação de tecnologia avançada e fenômenos cósmicos permitiu analisar os espectros de emissão das estrelas. As assinaturas observadas indicam a presença de fótons de alta energia, típicos de estrelas extremamente quentes e massivas, um traço que coincide com o que os modelos teóricos previam para a População III.

Cientistas buscam entender como primeiras estrelas surgiram

Mesmo que o LAP1-B não seja confirmado como a População III, a observação representa um marco. Ela ajuda os cientistas a entender como as primeiras gerações de estrelas se formaram, como enriqueceram o Universo com elementos pesados e como deram origem às galáxias que conhecemos hoje.Além disso, o estudo reforça a capacidade do James Webb de reconstruir a história cósmica com um nível de detalhe jamais alcançado. Cada nova observação aproxima a ciência de responder à pergunta: como a luz começou no Universo?

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.