Nova tecnologia pode restaurar corais da Grande Barreira em larga escala

Nova tecnologia ajuda larvas de coral a repovoar recifes grandes (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Nova tecnologia ajuda larvas de coral a repovoar recifes grandes (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

A restauração de corais da Grande Barreira de Corais recebeu um importante avanço com o desenvolvimento de caixas de sementes larvais, uma tecnologia inovadora que aumenta significativamente as chances de sobrevivência das larvas de coral e seu assentamento em áreas degradadas. 

Desenvolvida pela CSIRO, em parceria com a Southern Cross University, a técnica mostrou resultados promissores em testes realizados na Ilha Lizard em 2024, demonstrando a capacidade de cobrir grandes áreas de recife com alta densidade de larvas. Entre os principais destaques da pesquisa:

  • O assentamento de corais aumentou até 56 vezes em milhares de metros quadrados de recife;
  • Larvas são liberadas de forma controlada, retardando a dispersão e favorecendo o crescimento;
  • As caixas permitem atingir áreas degradadas em grande escala;
  • Testes adicionais estão em andamento nas Ilhas Whitsundays para validar a técnica em diferentes condições;
  • A abordagem combina baixo custo com alto potencial de restauração ecológica.

Como funcionam as caixas de sementes larvais?

Caixa larval elevada pronta para dispersão das larvas sobre o substrato (Imagem: Christopher Doropoulos et al./ bioRxiv (2025))
Caixa larval elevada pronta para dispersão das larvas sobre o substrato (Imagem: Christopher Doropoulos et al./ bioRxiv (2025))

As caixas atuam como sistemas de distribuição de larvas concentradas em áreas específicas do recife, proporcionando mais tempo para que elas se fixem em habitats ideais. Durante o evento anual de desova em massa, milhões de larvas são cultivadas em laboratório e inseridas nas caixas, que são então implantadas no recife. Uma vez prontas, as larvas são liberadas nas correntes, alcançando áreas extensas de mais de dois hectares, aumentando significativamente o potencial de restauração de corais juvenis.

Potencial de monitoramento e avaliação

Corante rodamina se espalha lateral e verticalmente pelo ambiente aquático (Imagem: Christopher Doropoulos et al./ bioRxiv (2025))
Corante rodamina se espalha lateral e verticalmente pelo ambiente aquático (Imagem: Christopher Doropoulos et al./ bioRxiv (2025))

A pesquisa inclui acompanhamento da dispersão e do assentamento das larvas ao longo de nove a doze meses, permitindo avaliar a eficácia da técnica em diferentes ambientes de recife. Isso possibilita:

  • Compreender o alcance da dispersão das larvas após a liberação;
  • Ajustar estratégias para maximizar o sucesso de assentamento;
  • Adaptar a tecnologia a condições ambientais variadas, incluindo áreas afetadas por branqueamento de corais e eventos climáticos extremos;
  • Avaliar a viabilidade da aplicação em restauração de recifes em larga escala;
  • Integrar a técnica a programas de conservação e adaptação climática.

Impacto ecológico e futuro da restauração de corais

As caixas de sementes larvais representam uma abordagem inovadora que combina biotecnologia marinha, baixo custo e alta eficiência, oferecendo uma ferramenta escalável para a restauração de recifes. 

Essa técnica também proporciona uma oportunidade para explorar soluções resilientes às mudanças climáticas, ajudando ecossistemas marinhos a se recuperarem de impactos ambientais e fortalecendo a biodiversidade da região.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.