Estudo revela que bilíngues envelhecem mais devagar; entenda

Falar vários idiomas ajuda a retardar o envelhecimento cerebral. (Foto: Diaconu's Images via Canva)
Falar vários idiomas ajuda a retardar o envelhecimento cerebral. (Foto: Diaconu's Images via Canva)

Falar mais de um idioma pode ser mais do que um diferencial cultural: uma análise recente publicada na revista Nature Aging indica que o multilinguismo está relacionado a um envelhecimento mais lento do cérebro e do corpo.

A pesquisa envolveu 86 mil adultos entre 51 e 90 anos, de 27 países europeus, e usou a métrica de idade biocomportamental, que combina função cognitiva, capacidade física e presença de doenças crônicas, para avaliar o envelhecimento real em comparação à idade cronológica.

Efeitos observados em pessoas bilíngues

Os resultados mostraram que os indivíduos que falavam dois ou mais idiomas apresentavam uma menor diferença entre a idade biocomportamental e a cronológica, sugerindo:

  • Menor risco de envelhecimento acelerado;
  • Cérebro mais resiliente a declínios cognitivos;
  • Maior capacidade de adaptação mental com o tempo.

Em comparação, pessoas monolíngues apresentaram maior probabilidade de envelhecer mais rapidamente, independentemente de nível educacional, ambiente social ou exposição à poluição.

Por que falar várias línguas pode beneficiar o cérebro?

Aprender línguas fortalece memória e conexões neurais. (Foto: Getty Images via Canva)
Aprender línguas fortalece memória e conexões neurais. (Foto: Getty Images via Canva)

O multilinguismo funciona como um treino mental diário, que mantém o cérebro ativo e engajado. Seus possíveis efeitos incluem:

  • Estimular memória e atenção;
  • Fortalecer conexões neurais;
  • Aumentar a reserva cognitiva, protegendo contra declínios futuros.

Embora os resultados sejam promissores, ainda não se pode afirmar causa direta, ou seja, não está confirmado se aprender línguas desacelera o envelhecimento ou se pessoas com cérebros mais saudáveis tendem a dominar mais idiomas.

Multilinguismo dentro de um estilo de vida saudável

Mesmo sem comprovação de causalidade, o estudo sugere que o aprendizado de idiomas pode ser parte de estratégias de envelhecimento saudável, junto com:

  • Exercícios físicos regulares;
  • Relações sociais ativas;
  • Alimentação equilibrada;
  • Atividades cognitivas variadas.

Portanto, aprender novas línguas pode ser considerado uma forma de manter a mente ativa, contribuindo para saúde cerebral ao longo da vida.

Implicações práticas e futuras pesquisas

O estudo reforça a importância do estímulo cognitivo contínuo e sugere que programas educacionais e políticas de incentivo ao aprendizado de idiomas podem ter impacto positivo na longevidade mental.

Combinado a hábitos de vida saudáveis, o multilinguismo emerge como uma ferramenta acessível e prática para promover envelhecimento mais saudável e mente ativa, abrindo caminho para pesquisas futuras sobre neuroproteção e qualidade de vida.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.