A presença de nuvens densas em exoplanetas pode não ser um obstáculo, mas sim uma oportunidade para detectar vida extraterrestre. Pesquisadores da Universidade Cornell criaram os primeiros espectros de refletância de microrganismos coloridos que vivem na atmosfera da Terra. Esses espectros codificados por cores podem ser usados como bioassinaturas para identificar vida em mundos distantes, mesmo quando sua superfície está totalmente encoberta por nuvens.
Com a capacidade de analisar cores e padrões refletidos nas nuvens, astrônomos agora têm uma nova ferramenta para estudar exoplanetas, complementando observações de superfície e atmosferas. Principais avanços do estudo:
- Criação de espectros de refletância de microrganismos coloridos da atmosfera terrestre;
- Possibilidade de detectar bioassinaturas mesmo em nuvens densas ou 100% nubladas;
- Coleta de micróbios em altitudes de 21 a 29 km, em plena estratosfera;
- Identificação de biopigmentos que protegem micróbios contra radiação e secura;
- Aplicação dos dados em futuros telescópios como o Observatório de Mundos Habitáveis e o ELT no Chile.
Micróbios atmosféricos como indicadores de vida

A pesquisa utilizou microorganismos raros da atmosfera terrestre que produzem pigmentos intensos, capazes de refletir luz de formas distintas. Esses biopigmentos servem como proteção natural contra radiação ultravioleta, temperaturas extremas e secura, tornando-os potenciais sinais universais de vida. Ao modelar exoplanetas com essas características, os cientistas constataram que planetas nublados com micróbios coloridos apresentariam assinaturas visuais detectáveis à distância.
Essa abordagem transforma a perspectiva tradicional, que via as nuvens como obstáculos para observações, em uma oportunidade de identificar vida em ambientes atmosféricos complexos.
Coleta e análise na estratosfera terrestre
Os micróbios analisados foram obtidos com balões de alta altitude, cultivados em laboratório e estudados por meio de espectros de refletância. Esses dados fornecem informações sobre:
- Condições ambientais em que os microrganismos sobrevivem;
- Estratégias adaptativas de proteção contra radiação e estresse ambiental;
- Possibilidade de extrapolar essas assinaturas para exoplanetas com alta umidade.
Essa técnica pioneira demonstra que biopigmentos podem funcionar como bioassinaturas universais, aumentando significativamente a capacidade de identificar vida em planetas nublados.
Impactos para futuras missões espaciais
A descoberta influencia diretamente o projeto de novos telescópios e estratégias de observação. O Observatório de Mundos Habitáveis da NASA e o Telescópio Extremamente Grande (ELT) da Europa poderão utilizar essas informações para identificar exoplanetas com biopigmentos atmosféricos.Além disso, o estudo mostra que a vida pode ser detectável mesmo sem observação direta da superfície, ampliando drasticamente o escopo da busca por vida extraterrestre em mundos com condições atmosféricas densas ou complexas.

