Quando o assunto é suplementação esportiva, a creatina costuma ser lembrada como uma aliada dos músculos, mas o que poucos sabem é que essa substância também está chamando a atenção dos cientistas por outro motivo: seus possíveis efeitos no cérebro.
Pesquisas recentes vêm mostrando que o composto pode ter um papel importante em funções cognitivas, como memória, concentração e desempenho mental, especialmente em situações de fadiga.
O que a creatina faz no organismo
A creatina é uma molécula natural, produzida pelo corpo e obtida por meio da alimentação ou suplementação. Ela atua como uma reserva rápida de energia celular, garantindo combustível extra para atividades que exigem explosões curtas de força, como levantar peso ou correr em alta intensidade.
Mas o cérebro também é um dos órgãos que mais consome energia. E é justamente aí que o interesse da ciência cresce: será que o mesmo mecanismo que ajuda os músculos pode beneficiar o cérebro?
Como a creatina age no cérebro

Pesquisas apontam que a creatina pode aumentar os níveis de energia cerebral, ajudando as células nervosas a manterem seu funcionamento em momentos de maior demanda, como falta de sono, estresse mental ou cansaço extremo. Essa ação parece favorecer o raciocínio e a clareza mental, especialmente quando o organismo está sob pressão.
Estudos controlados já observaram melhorias discretas em testes de memória e tempo de reação após a suplementação, principalmente em pessoas com deficiência de creatina na dieta, como vegetarianos ou idosos.
Um estudo randomizado controlado com 123 adultos saudáveis mostrou que a suplementação diária de 5 g de creatina por 6 semanas produziu pequenos efeitos positivos na memória, embora não tenha melhorado outras funções cognitivas (Sandkühler et al., 2023, BMC Medicine).
Mas nem todos os resultados são iguais
Apesar do entusiasmo, os cientistas reforçam que os efeitos variam muito entre os indivíduos. Alguns estudos mostram benefícios claros, enquanto outros não observam grandes mudanças cognitivas. Isso indica que a influência da creatina no cérebro pode depender de fatores como idade, dieta, genética e estilo de vida.
Além disso, doses excessivas não aumentam os resultados, e podem causar efeitos colaterais leves, como desconforto intestinal e retenção de líquidos.
O que a ciência busca agora
Os próximos passos da pesquisa envolvem entender como a creatina atua nas células cerebrais e se seu uso pode ter papel terapêutico em condições como fadiga mental, depressão ou doenças neurodegenerativas.
Enquanto isso, especialistas reforçam: a creatina pode ser uma aliada da mente, mas deve ser usada com orientação profissional. Afinal, como qualquer suplemento, seu efeito depende de equilíbrio e contexto.

