Sequoias enfrentam incêndios extremos e surpreendem com recuperação rápida

Sequoias resistem ao fogo e rebrotam rapidamente após incêndios (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Sequoias resistem ao fogo e rebrotam rapidamente após incêndios (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

As sequoias da costa da Califórnia, conhecidas por serem as árvores mais altas do mundo, resistem ao fogo com notável resiliência. No entanto, o aumento de incêndios florestais intensos e frequentes exige atenção ao manejo florestal, pois a sobrevivência dessas árvores depende da forma como cuidamos das florestas em que vivem. Uma pesquisa recente publicada na Forest Ecology and Management investigou como essas árvores enfrentam os desafios impostos pelos incêndios extremos de 2020.

O estudo revelou que as sequoias em florestas secundárias conseguiram rebrotar rapidamente, demonstrando a capacidade de regeneração da espécie. Além disso, a estrutura da floresta, incluindo a densidade de árvores e a presença de espécies sensíveis ao fogo, influencia diretamente a severidade do fogo, reforçando a necessidade de estratégias de manejo adequadas. Principais descobertas do estudo:

  • As sequoias adultas sobrevivem à maior parte dos incêndios extremos;
  • Árvores menores ou mais jovens são mais vulneráveis, mas ajudam no crescimento das sobreviventes;
  • O rebrotamento rápido após o fogo acelera a regeneração da floresta;
  • Reduzir a carga de combustível e desbastar florestas secundárias aumenta a resiliência;
  • Misturar espécies resistentes ao fogo contribui para florestas mais saudáveis e duradouras.

Florestas secundárias e o desafio dos incêndios modernos

Grande parte das florestas de sequoias atuais é de segunda geração, resultado de regeneração após desmatamento ou incêndios passados. Essas florestas jovens, muitas vezes densas e misturadas com espécies mais sensíveis ao fogo, apresentam maior risco em incêndios modernos de alta severidade.

Florestas de sequoias mostram incrível resiliência frente ao fogo (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Florestas de sequoias mostram incrível resiliência frente ao fogo (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

A pesquisa analisou três áreas queimadas ao longo da costa central da Califórnia: Complexo de Incêndios CZU, Incêndio Walbridge e Incêndio Dolan. Mais de 120 parcelas foram estudadas, avaliando a perda de cobertura vegetal, a mortalidade das árvores e o rebrotamento. Os dados mostraram que poucas sequoias adultas morreram, enquanto árvores menores, apesar de vulneráveis, desempenham um papel no fortalecimento das sobreviventes.

Regeneração surpreendente e manejo florestal estratégico

Uma descoberta significativa foi que quanto mais dano uma sequoia sofre, mais intensa tende a ser a formação de brotos e galhos novos, acelerando a regeneração. Isso demonstra que as florestas de sequoias possuem superpoderes naturais para se recuperar após incêndios excepcionais, embora algumas árvores sofram atrasos de décadas em seu crescimento devido a danos severos.

O manejo florestal, portanto, não é apenas desejável, mas fundamental para manter a saúde dessas florestas. Estratégias como redução de combustível, desbaste controlado e incentivo a espécies resistentes podem minimizar os impactos negativos do fogo, acelerar a recuperação da floresta e proteger o habitat da vida selvagem e das comunidades humanas adjacentes.

O futuro das sequoias depende da ação humana

Entender como os incêndios afetam as sequoias permite planejar a conservação e a restauração dessas florestas de forma mais eficiente. As sequoias demonstram resiliência notável, mas o futuro das florestas costeiras dependerá de práticas de manejo inteligentes, que reduzam a severidade dos incêndios e promovam ecossistemas mais saudáveis e resistentes.

A ciência reforça que essas árvores não apenas sobrevivem, mas também têm a capacidade de prosperar após o fogo, oferecendo esperança para a preservação das florestas de sequoias no século XXI.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.