Cientistas anunciam remédio experimental que ajuda o fígado a eliminar 60% do colesterol LDL

Remédio experimental reduz mais de 60% do colesterol (Foto: Pixelshot via Canva)
Remédio experimental reduz mais de 60% do colesterol (Foto: Pixelshot via Canva)

Um novo medicamento experimental promete revolucionar o tratamento do colesterol alto. Chamado enlicitida, o composto apresentou resultados expressivos em um ensaio clínico de Fase 3, reduzindo o colesterol LDL (“ruim”) em até 60% quando usado junto às estatinas, drogas tradicionalmente prescritas para controle dos níveis lipídicos no sangue.

Uma nova esperança para quem não responde às terapias tradicionais

Embora as estatinas sejam eficazes para a maioria das pessoas, uma parcela significativa dos pacientes não atinge os níveis ideais de colesterol mesmo com o uso contínuo e mudanças no estilo de vida. É justamente para esse grupo que o novo medicamento surge como uma alternativa promissora.

De acordo com os pesquisadores, o estudo incluiu quase 3 mil participantes de 14 países, todos com níveis elevados de colesterol LDL e histórico de doenças cardiovasculares. Após 24 semanas de tratamento, os pacientes que receberam enlicitida associada às estatinas tiveram uma redução média de 55% a 60% no colesterol ruim, e o efeito se manteve ao longo de um ano.

Como a enlicitida atua no organismo

Estudo revela ação potente contra o colesterol resistente. (Foto: Getty Images via Canva)
Estudo revela ação potente contra o colesterol resistente. (Foto: Getty Images via Canva)

O enlicitida pertence à classe dos inibidores de PCSK9, uma categoria de medicamentos que ajuda o fígado a remover o excesso de colesterol LDL da corrente sanguínea. Diferente dos inibidores já existentes, que são aplicados por injeção, a nova fórmula é oral, tornando o tratamento mais acessível e prático.

Essa inovação é relevante porque amplia as opções para quem precisa de controle intensivo do colesterol. Além disso, o medicamento também apresentou benefícios adicionais, como:

  • Redução de 53% em outros tipos de colesterol prejudicial;
  • Diminuição de 50% na proteína ApoB, associada ao transporte de gordura no sangue;
  • Queda de 28% na lipoproteína(a), outro marcador de risco cardiovascular.

Segurança e próximos passos

A segurança do medicamento também foi avaliada. Cerca de 10% dos participantes do grupo que recebeu enlicitida apresentaram eventos adversos, índice semelhante ao do grupo placebo. Entre os efeitos relatados, estavam pequenos desconfortos gastrointestinais e infecções leves, sem registro de reações graves.

A MSD, farmacêutica responsável pelo desenvolvimento, planeja solicitar aprovação à FDA (Food and Drug Administration) em breve. Se autorizado, o medicamento poderá se tornar o primeiro inibidor de PCSK9 oral disponível no mercado.

Impacto na prevenção de doenças cardíacas

Controlar o colesterol é essencial para reduzir o risco de infarto, AVC e doenças das artérias coronárias. A Organização Mundial da Saúde estima que as doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte no mundo, e novas terapias como a enlicitida podem representar um avanço importante na prevenção e tratamento.

O estudo reforça a importância de continuar buscando soluções eficazes e acessíveis para o controle do colesterol, principalmente para pacientes que enfrentam resistência aos tratamentos convencionais.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.