Em breve, Fernando de Noronha pode conquistar um título inédito na América Latina: o de primeira ilha oceânica habitada com energia totalmente renovável. A transformação será possível graças ao projeto Noronha Verde, que promete substituir a atual usina térmica a diesel por um sistema de geração solar e armazenamento em baterias.
O plano representa um passo decisivo rumo à descarbonização e à autossuficiência energética, alinhando o Brasil aos compromissos ambientais da COP30. Além de reduzir drasticamente as emissões de carbono, o projeto simboliza uma virada histórica para um dos ecossistemas mais sensíveis e icônicos do país.
Principais destaques do projeto Noronha Verde:
- Usina solar fotovoltaica com 30 mil painéis e capacidade de 22 MWp;
- Sistema de baterias (BESS) de 49 MWh para armazenar energia;
- Primeira usina solar flutuante no reservatório de Xaréu, com 622 kWp;
- Redução anual de 8,6 milhões de litros de diesel;
- Corte estimado de 717 toneladas de CO₂ por ano.
Do óleo diesel ao poder do sol

Atualmente, toda a eletricidade da ilha depende da usina térmica Tubarão, que consome milhões de litros de combustível fóssil anualmente. A substituição por energia solar, distribuída em 24,6 hectares de painéis fotovoltaicos, representa uma mudança radical. As áreas foram cedidas pela Aeronáutica e pelo governo de Pernambuco, que também apoia a execução da obra.
O novo sistema integrará fontes fotovoltaicas terrestres e flutuantes ao moderno sistema de armazenamento em baterias, garantindo estabilidade mesmo durante a noite ou em dias nublados. Esse modelo, conhecido como BESS (Battery Energy Storage System), permitirá que o excesso de energia solar seja estocado e reaproveitado, reduzindo perdas e mantendo o fornecimento constante.
Um modelo de sustentabilidade para o futuro
O investimento total, estimado em R$ 350 milhões, é resultado da parceria entre o Ministério de Minas e Energia, o grupo Neoenergia e o governo de Pernambuco, com desenvolvimento técnico da espanhola Iberdrola. Além de atender às necessidades energéticas da ilha, o projeto contribuirá para reduzir os custos do setor elétrico nacional, uma vez que eliminará a dependência da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), subsídio usado para custear o transporte e a queima de diesel.
Noronha como vitrine ambiental da COP30
Com o início das operações previsto para 2026 e a conclusão em 2027, o projeto Noronha Verde surge como uma vitrine do compromisso brasileiro com a transição energética global. A iniciativa também reforça o papel estratégico das energias renováveis na proteção de áreas de alto valor ecológico e turístico.Se o plano alcançar todos os objetivos, Fernando de Noronha deixará de depender de combustíveis fósseis e se tornará um exemplo mundial de sustentabilidade insular, onde sol e vento substituem o diesel e o futuro energético é, finalmente, limpo e duradouro.

