3I/ATLAS reaparece no céu com estrutura inédita e intriga cientistas

Cometa 3I/ATLAS exibe cauda múltipla e intriga astrônomos (Imagem: Michael Jäger & Gerald Rhemann/Observatório Aéreo de Martinsberg via Spaceweather)
Cometa 3I/ATLAS exibe cauda múltipla e intriga astrônomos (Imagem: Michael Jäger & Gerald Rhemann/Observatório Aéreo de Martinsberg via Spaceweather)

Após semanas oculto pelo brilho solar, o cometa interestelar 3I/ATLAS voltou a ser detectado por telescópios terrestres e trouxe consigo um espetáculo intrigante. As novas imagens revelam uma cauda múltipla e difusa, que se divide em diferentes direções e parece “soltar fumaça”, despertando a curiosidade da comunidade científica e do público.

Embora visível apenas com instrumentos potentes, o reaparecimento do 3I/ATLAS vem chamando atenção por sua estrutura incomum, algo raramente registrado em cometas vindos de fora do Sistema Solar.

Principais destaques das observações recentes:

  • Cauda ramificada, com até cinco filamentos distintos;
  • Jato solar fino, voltado para o Sol, captado em alta resolução;
  • Efeito visual de dispersão gasosa, dando aparência “fumegante”;
  • Luminosidade variável, devido à interferência da luz lunar;
  • Posição baixa no horizonte, visível antes do amanhecer na constelação de Virgem.

Uma estrutura que desafia expectativas

O 3I/ATLAS foi observado com telescópios de grande abertura, utilizando exposições múltiplas em diferentes filtros de cor. A análise das imagens revela que o cometa possui uma coma luminosa acompanhada por múltiplas caudas, um fenômeno que pode estar relacionado à rotação acelerada e à sublimação de gases voláteis ao se aproximar do Sol.

Visitante interestelar reaparece com visual misterioso no céu (Imagem: Frank Niebling via Spaceweather)
Visitante interestelar reaparece com visual misterioso no céu (Imagem: Frank Niebling via Spaceweather)

Essa liberação de partículas pode explicar o aspecto fragmentado, sem que haja necessidade de recorrer a hipóteses artificiais. Em termos astronômicos, trata-se de um comportamento natural em objetos interestelares compostos por gelo, poeira e compostos orgânicos, sujeitos a intensas variações de temperatura e radiação.

O visitante que atravessa o Sistema Solar

O 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto confirmado vindo de fora do Sistema Solar, após o famoso ʻOumuamua e o 2I/Borisov. Diferente dos cometas convencionais, ele segue uma trajetória hiperbólica, o que significa que não retornará após cruzar nossa vizinhança cósmica.

Atualmente, o corpo celeste pode ser encontrado na constelação de Virgem, próximo ao horizonte leste, cerca de uma hora antes do amanhecer. Por estar extremamente fraco e afetado pela luz do dia, é invisível a olho nu, exigindo telescópios médios ou grandes e céus sem poluição luminosa.

Acompanhe o fenômeno em tempo real

Graças a plataformas astronômicas interativas, é possível rastrear o 3I/ATLAS em tempo real, observar sua posição no céu e simular seu deslocamento no Sistema Solar. Ferramentas como The Sky Live, 3Iatlaslive e o simulador Eyes on the Solar System, da NASA, oferecem visualizações detalhadas da órbita e permitem acompanhar sua passagem com dados atualizados diariamente.

Mesmo com o brilho da Lua dificultando as observações diretas, essas plataformas garantem uma experiência imersiva e educativa, aproximando o público da astronomia moderna.

O fenômeno reforça a importância de monitorar visitantes cósmicos como o 3I/ATLAS, que ajudam a compreender a composição e a dinâmica dos corpos que vagam entre as estrelas, revelando fragmentos da história primordial do universo.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.