O Telescópio Espacial James Webb (JWST) está transformando nossa compreensão do universo primitivo. Entre suas descobertas mais fascinantes, destaca-se o objeto QSO1, localizado no aglomerado de galáxias Abell 2744, conhecido como Aglomerado de Pandora. Este sistema, datado de apenas 700 milhões de anos após o Big Bang, apresenta um buraco negro supermassivo que desafia os modelos tradicionais de formação galáctica.
O QSO1 não é apenas notável por sua massa, equivalente a 50 milhões de sóis, mas também por sua composição: praticamente ausente de gás e estrelas, sugerindo que o buraco negro domina o sistema sozinho. Esse cenário levanta novas questões sobre como os buracos negros podem se formar e evoluir antes das galáxias.
Principais pontos sobre QSO1 e descobertas do JWST:
- Localizado em Abell 2744, o efeito de lente gravitacional amplifica sua observação;
- A massa do buraco negro supera em duas vezes a do gás e estrelas ao redor;
- Descobertas desafiam a ideia de que galáxias sempre se formam antes de buracos negros;
- Pequenos pontos vermelhos indicam que sistemas compactos evoluíram mais cedo que o previsto;
- Possível formação via buracos negros primordiais ou colapso direto de gás massivo.
Pequenos pontos vermelhos indicam evolução precoce
Desde 2022, o JWST detectou diversas galáxias compactas de tonalidade vermelha, apelidadas de “pequenos pontos vermelhos”. Essas estruturas, observadas entre 500 milhões e 1,5 bilhão de anos após o Big Bang, indicam que tanto galáxias quanto buracos negros podem ter se desenvolvido mais rápido e de forma mais massiva do que se acreditava.

A análise desses objetos sugere que alguns buracos negros primordiais poderiam ter se formado a partir de colapsos diretos de enormes nuvens de gás, ao invés de se originarem de estrelas individuais. Esse modelo pode explicar a existência de buracos negros gigantes tão cedo na história cósmica.
Buracos negros primordiais desafiam a lógica galáctica
A teoria dos buracos negros primordiais, proposta por Zeldovich e Novikov e expandida por Stephen Hawking, sugere que pequenas regiões com densidade extrema no universo inicial poderiam colapsar e formar buracos negros. Esses objetos, ao crescerem rapidamente, poderiam se tornar os núcleos dominantes de sistemas ainda sem galáxias formadas.
O QSO1 é um exemplo extremo: um buraco negro que cresceu antes da formação significativa de estrelas e gás, provocando o questionamento clássico de astronomia: o que surge primeiro, a galáxia ou o buraco negro central?. A descoberta do JWST indica que casos antes considerados “exóticos” podem ser mais comuns do que se imaginava.
Implicações para a astrofísica moderna
A presença de buracos negros supermassivos sem galáxias maduras ao redor altera os modelos de evolução cósmica e oferece pistas sobre a formação do universo primitivo. Além disso, revela que algumas estruturas podem ter se desenvolvido independentemente da matéria comum, incluindo estrelas e gás.
Com a coleta contínua de dados pelo JWST, os astrônomos agora podem estudar centenas de pequenos pontos vermelhos, abrindo caminho para descobrir novos buracos negros primordiais e reformular nossa compreensão da evolução galáctica.

