Cientistas descobrem por que homens arriscam mais que mulheres

Cérebro reage de forma distinta a riscos em homens e mulheres. (Foto: Dean Drobot via Canva)
Cérebro reage de forma distinta a riscos em homens e mulheres. (Foto: Dean Drobot via Canva)

A maneira como o cérebro reage a situações de risco e controla os impulsos pode ser completamente diferente entre homens e mulheres, segundo novas descobertas da neurociência. Um estudo publicado no Journal of Neuroscience mostrou que um mesmo circuito cerebral pode gerar comportamentos opostos, dependendo de quando é ativado e do sexo biológico do indivíduo.

Pesquisadores das universidades de Cambridge e da Colúmbia Britânica analisaram como neurônios ligados à recompensa e ao prazer interferem na tomada de decisões arriscadas e na impulsividade

Usando modelos animais, eles descobriram que o cérebro não responde de forma uniforme, o que ajuda a explicar por que certos transtornos mentais se manifestam de modo distinto em homens e mulheres.

O papel do circuito da recompensa

O foco do estudo foi um circuito neural responsável por processar recompensas e punições, regiões fortemente ligadas à motivação e à aprendizagem. Quando os pesquisadores manipularam a atividade desses neurônios durante a fase de aprendizado, os efeitos foram diferentes entre machos e fêmeas.

  • Nos machos, a intervenção alterou a tendência a assumir riscos.
  • Nas fêmeas, influenciou de maneira distinta a forma de avaliar consequências.

Por outro lado, quando a manipulação ocorreu após o aprendizado, os efeitos foram semelhantes nos dois sexos, mas voltados à impulsividade motora, ou seja, à dificuldade de controlar ações automáticas.

Por que o momento da ativação muda tudo

Circuitos neurais controlam impulsividade de modo diferente. (Foto: Getty Images via Canva)
Circuitos neurais controlam impulsividade de modo diferente. (Foto: Getty Images via Canva)

Os cientistas observaram que o tempo da estimulação cerebral é determinante para o tipo de resposta comportamental. Isso significa que um mesmo circuito pode controlar funções diferentes, dependendo da fase de aprendizado em que o cérebro se encontra.

Essa descoberta reforça que tratamentos psiquiátricos e neurológicos precisam ser personalizados, considerando tanto o sexo biológico quanto o estágio de desenvolvimento ou aprendizado do paciente.

Implicações para transtornos mentais

Condições como TDAH, dependência química e transtornos de impulsividade estão diretamente ligadas à dificuldade de regular o comportamento diante de recompensas e riscos. A pesquisa indica que compreender como e quando o cérebro reage a esses estímulos pode abrir caminho para terapias mais eficazes e direcionadas.

Em vez de uma abordagem única, o futuro da neurociência caminha para tratamentos adaptados a cada perfil cerebral, levando em conta as nuances entre homens e mulheres, e o momento certo de intervir.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.