A obesidade é uma das condições mais complexas e desafiadoras da medicina moderna, influenciada por uma combinação de fatores genéticos, metabólicos e ambientais.
Um estudo da Pennsylvania State University trouxe novas peças para esse quebra-cabeça: cinco genes até então desconhecidos foram identificados como potenciais influenciadores do ganho de peso.
O trabalho, publicado na revista Nature Communications, analisou o DNA de mais de 839 mil pessoas de diferentes origens e etnias, utilizando grandes bancos de dados genéticos dos Estados Unidos e do Reino Unido. A pesquisa buscou compreender como mutações raras podem afetar o índice de massa corporal (IMC) e predispor indivíduos ao acúmulo de gordura corporal.
Genes ajudam a entender por que alguns engordam mais que outros
Entre as descobertas, destacam-se cinco genes, YLPM1, RIF1, GIGYF1, SLC5A3 e GRM7, que apresentaram relação direta com o aumento do risco de obesidade. Eles parecem atuar em regiões do cérebro e do tecido adiposo, afetando o controle da fome, o metabolismo energético e a forma como o corpo armazena gordura.
Os pesquisadores observaram que essas variações genéticas podem ter impacto semelhante ao de genes já conhecidos, como o MC4R, que regula o apetite e o gasto energético. A descoberta ajuda a explicar por que pessoas com hábitos de vida parecidos podem ter respostas metabólicas tão diferentes.
Diversidade genética é chave para novos tratamentos

Outro ponto relevante do estudo foi a inclusão de populações geneticamente diversas, algo pouco comum em pesquisas anteriores. Isso permitiu identificar mutações que só aparecem em grupos específicos, reforçando a importância de amostras mais amplas e representativas na ciência genética.
Segundo os autores, entender essas variações pode abrir caminho para o desenvolvimento de tratamentos personalizados, focados no perfil genético de cada pessoa. O próximo passo é investigar como cada gene atua no organismo e se pode se tornar alvo terapêutico para o controle da obesidade e doenças associadas, como o diabetes tipo 2 e as cardiopatias.
Genética não é destino: hábitos ainda são decisivos
Embora o componente genético tenha grande influência, os pesquisadores reforçam que ter uma mutação não significa desenvolver obesidade. Fatores como alimentação equilibrada, sono adequado, controle do estresse e prática regular de exercícios continuam sendo essenciais para manter um peso saudável.
Em resumo, o avanço científico mostra que compreender o papel dos genes é fundamental para combater a obesidade de forma mais eficaz, mas o poder das escolhas diárias continua sendo o melhor aliado na prevenção.

