O declínio acelerado do gelo marinho nos polos está projetado para aumentar significativamente a turbulência nos oceanos. Um estudo publicado na Nature Climate Change detalha como a agitação horizontal em mesoescala (MHS) será intensificada devido ao aquecimento global causado pelo homem. A pesquisa, conduzida por cientistas do Centro de Física Climática do ICCP na Coreia do Sul, utilizou simulações de ultra-alta resolução para mapear os efeitos da perda de gelo marinho na dinâmica oceânica.
O fenômeno de agitação horizontal ocorre quando correntes esticam parcelas de água, formando filamentos que aumentam a mistura de nutrientes, calor e organismos. Nos oceanos polares, essas mudanças podem transformar profundamente os ecossistemas marinhos.
Principais descobertas do estudo:
- A agitação horizontal será mais intensa no Oceano Ártico e ao redor da Antártica;
- A perda de gelo aumenta a entrada de energia mecânica do vento nos oceanos;
- Correntes oceânicas médias e vórtices serão significativamente mais fortes;
- O transporte de plâncton, larvas de peixes e microplásticos será alterado;
- Modelos computacionais de alta resolução foram essenciais para identificar esses efeitos.
Como a agitação horizontal funciona?

A agitação horizontal em mesoescala (MHS) redistribui calor, nutrientes e organismos em escalas de dezenas a centenas de quilômetros. Esse processo é crítico para:
- Conectar populações de peixes, facilitando intercâmbio genético;
- Distribuir microplásticos e outros poluentes;
- Controlar a dispersão de ovos e larvas de peixes;
- Regular a produtividade do fitoplâncton;
- Influenciar padrões de circulação oceânica regional.
Nos polos, a MHS reage de maneiras distintas devido às diferenças geográficas: o Ártico, cercado por continentes, concentra energia do vento; enquanto a Antártica, com oceano circundando o continente, responde ao fluxo de água doce e gradientes de densidade.
Impactos potenciais sobre ecossistemas e clima
O aumento da turbulência oceânica pode modificar habitats naturais, levando larvas e organismos para áreas inadequadas. Isso ameaça a sobrevivência de espécies sensíveis e altera a cadeia alimentar marinha. Além disso, a redistribuição de nutrientes pode impactar a produção biológica e a captura de carbono pelos oceanos, influenciando o clima global.
O estudo destaca que, para compreender completamente essas mudanças, é necessário integrar modelos climáticos de alta resolução com simulações biológicas, incluindo plâncton e peixes. Assim, será possível prever com maior precisão como os ecossistemas polares reagirão às mudanças climáticas.

