As florestas subtropicais desempenham um papel fundamental no ciclo global do carbono, influenciando o clima e a biodiversidade. Pesquisas recentes mostram que nem todas as árvores contribuem da mesma forma para o armazenamento de carbono. Especificamente, árvores associadas a fungos ectomicorrízicos (ECM) podem aumentar significativamente os estoques de carbono, revelando um elo crucial entre microrganismos e resiliência florestal.
Para compreender melhor essa relação, um estudo sistemático realizado pelo Jardim Botânico de Wuhan (WBG), publicado na revista Forest Ecology and Management, investigou florestas subtropicais de montanha em Badagongshan. A pesquisa analisou 58 parcelas de amostragem ao longo de gradientes de dominância de árvores ECM, examinando três componentes do estoque de carbono.
- Carbono da biomassa arbórea aumenta com maior densidade de árvores de grande porte;
- Carbono da serapilheira cresce devido à lenta decomposição da matéria orgânica ECM;
- Carbono do solo não apresentou associação significativa com dominância de ECM;
- Fungos ECM influenciam diretamente na ciclagem de nutrientes e carbono;
- Diferentes tipos de micorrizas arbóreas afetam de forma distinta o ecossistema.
O impacto direto das ECM sobre biomassa e serapilheira
Os resultados mostraram que o carbono da biomassa arbórea aumentava principalmente devido à maior densidade de árvores de grande porte em áreas dominadas por ECM. Ao mesmo tempo, o acúmulo de carbono na serapilheira estava ligado à baixa qualidade da matéria orgânica dessas árvores, caracterizada por uma relação carbono/nitrogênio (C:N) elevada, o que retarda a decomposição.

Esses pontos destacam que o efeito das ECM vai muito além do que se observa a olho nu, afetando profundamente a ciclagem de nutrientes e a retenção de carbono.
Por que o solo não acompanha o aumento de carbono?
Curiosamente, o carbono do solo não apresentou associação significativa com a dominância de árvores ECM. Isso sugere que fatores biológicos, como a atividade de peroxidase dos fungos ECM e a eficiência relativamente baixa do uso de carbono pelos microrganismos, limitam a transferência de carbono para o solo. Ou seja, mesmo com grandes reservas na vegetação e na serapilheira, o solo não acumula carbono de forma equivalente.
Essa discrepância evidencia a complexidade das interações entre plantas e fungos e reforça a necessidade de incluir micorrizas em estratégias de conservação florestal e mitigação climática.
Implicações para conservação e manejo florestal
A pesquisa do WBG confirma que os tipos de micorrizas arbóreas têm um papel crucial na formação do estoque de carbono em florestas subtropicais. Essa compreensão é vital para:
- Planejar reflorestamentos mais eficientes;
- Selecionar espécies com maior potencial de sequestro de carbono;
- Compreender o impacto da biodiversidade no ciclo do carbono;
- Integrar micorrizas no manejo sustentável;
- Desenvolver estratégias climáticas baseadas em ecossistemas.
Ao destacar a importância das árvores ECM, o estudo contribui para uma abordagem mais científica e direcionada na preservação de florestas e na redução das mudanças climáticas.

