Cientistas revelam como o solo pode afetar alegria, amor e bem-estar

Eixo intestino-cérebro liga natureza e emoções. (Foto: Pcess609 via Canva)
Eixo intestino-cérebro liga natureza e emoções. (Foto: Pcess609 via Canva)

Pode parecer improvável, mas a terra sob nossos pés pode influenciar diretamente o que sentimos. Pesquisas recentes da Universidade Flinders, na Austrália, publicadas na revista mSystems, apontam que microrganismos presentes no solo e no ar interagem com a microbiota intestinal humana, impactando hormônios e neurotransmissores que regulam o humor e o comportamento.

Essa conexão entre o meio ambiente e as emoções é explicada pelo eixo intestino-cérebro, uma via biológica que mostra como corpo e mente são moldados também por fatores externos, inclusive pela biodiversidade que nos cerca.

Do solo ao cérebro: o trajeto das emoções

O eixo intestino-cérebro atua como um canal de comunicação entre o sistema digestivo e o sistema nervoso central. Nele, as bactérias intestinais trocam informações com o cérebro por meio de sinais hormonais, imunológicos e nervosos.

Microrganismos benéficos ajudam a produzir substâncias como serotonina, dopamina e ocitocina, essenciais para o equilíbrio emocional, prazer e laços afetivos. Quando ocorre um desequilíbrio na microbiota intestinal, chamado disbiose, aumentam as chances de ansiedade e depressão.

Manter essa relação saudável envolve atitudes simples:

  • Ter contato frequente com a natureza;
  • Priorizar uma alimentação rica em fibras e vegetais;
  • Evitar o uso excessivo de antibióticos;
  • Praticar atividades que reduzam o estresse.

Solos vivos, mentes equilibradas

A qualidade do solo e a diversidade microbiana do ambiente também afetam a saúde mental. Solos férteis e biodiversos liberam compostos químicos e microbianos que favorecem o equilíbrio ecológico e fortalecem o sistema imunológico humano.

Ambientes degradados, por outro lado, reduzem essa diversidade e podem influenciar indiretamente o bem-estar psicológico. Quando o ecossistema perde vitalidade, o corpo humano também sente, desde o cansaço mental até variações de humor.

Um novo olhar para saúde e emoções

Essas descobertas oferecem uma visão mais ampla sobre a relação entre ecologia e comportamento humano. Entender como o ambiente natural influencia o cérebro pode inspirar novas estratégias de cuidado da mente, desde políticas urbanas mais verdes até terapias que fortaleçam a microbiota intestinal.

No futuro, o conceito de que solos saudáveis contribuem para mentes saudáveis pode se tornar um princípio real da saúde preventiva.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.