Nos últimos anos, os betabloqueadores, remédios tradicionalmente usados para problemas cardíacos, têm sido cada vez mais procurados por pessoas que enfrentam ansiedade de desempenho. O interesse pelo uso desses medicamentos cresceu em parte devido à divulgação nas redes sociais, mas também reflete o aumento da pressão por performance em ambientes profissionais e acadêmicos.
Esses medicamentos atuam no corpo, não na mente, oferecendo alívio de sintomas físicos como coração acelerado, tremores e suor excessivo, mas não resolvem a raiz emocional da ansiedade.
Como os betabloqueadores atuam
Os betabloqueadores, incluindo o propranolol, funcionam bloqueando receptores de adrenalina, o que reduz as respostas fisiológicas do corpo ao estresse. Entre os efeitos observados estão:
- Diminuição da frequência cardíaca
- Controle da pressão arterial elevada
- Redução de tremores e agitação física
O efeito costuma ser temporário, geralmente algumas horas, sendo mais indicado para situações pontuais, como provas, apresentações ou entrevistas.
Popularidade crescente e contexto atual

Apesar de existirem desde os anos 1960, os betabloqueadores retomaram destaque recentemente. Entre os fatores que explicam essa popularidade estão:
- Relatos de influenciadores sobre ansiedade e desempenho
- Cultura atual de alta produtividade e exigência constante
- Facilidade de acesso a algumas apresentações do medicamento
Contudo, especialistas alertam que a medicação não deve ser banalizada. O uso contínuo pode gerar dependência psicológica, fazendo a pessoa acreditar que não consegue lidar com desafios sem o medicamento.
Possíveis efeitos adversos e cuidados
Embora geralmente seguros, o uso de betabloqueadores sem supervisão médica pode causar:
- Pressão arterial baixa e desmaios
- Frequência cardíaca muito lenta (bradicardia)
- Crises respiratórias em pessoas com asma ou bronquite
- Ocultação de sintomas cardíacos graves, atrasando diagnósticos
Grupos que requerem atenção especial incluem idosos, pessoas com pressão baixa e portadores de doenças respiratórias.
Ferramenta pontual, não substituto de terapia
O uso pontual de betabloqueadores pode ser útil para controlar sintomas físicos da ansiedade, mas não substitui acompanhamento psicológico ou psiquiátrico. Para resultados duradouros, é essencial trabalhar a origem emocional da ansiedade, promovendo autoconfiança e autonomia emocional, enquanto o medicamento atua apenas como auxílio momentâneo em situações de estresse.

