Estudo japonês confirma que Universo primitivo era quase duas vezes mais quente

ALMA revela que Universo primitivo era quase duas vezes mais quente (Imagem: Canva Pro)
ALMA revela que Universo primitivo era quase duas vezes mais quente (Imagem: Canva Pro)

O Universo que conhecemos hoje não foi sempre tão frio quanto 2,7 K (-270,45 °C). Pesquisadores da Universidade Keio, Japão, usaram o observatório ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) para medir a temperatura da radiação cósmica de fundo (CMB) como ela era há cerca de sete bilhões de anos. O resultado, publicado no The Astrophysical Journal, mostra que o cosmos primitivo era quase duas vezes mais quente que atualmente, reforçando a precisão do modelo cosmológico padrão.

  • Temperatura medida: aproximadamente 5,13 K (-268 °C);
  • Observações feitas a partir da luz de um quasar distante que viajou bilhões de anos;
  • Medição mais precisa para a chamada “era intermediária” da história cósmica;
  • Confirma previsões do Big Bang e da expansão do espaço.

Como os astrônomos medem a temperatura cósmica

Para estimar a temperatura do passado, os cientistas analisaram a luz de um quasar que atravessou o espaço por bilhões de anos. Durante sua jornada, essa luz interagiu com a radiação cósmica de fundo, deixando marcas sutis em seu espectro, que funcionam como termômetros naturais do Universo.

Temperatura do cosmos há bilhões de anos é medida com precisão inédita (Imagem: Canva Pro)
Temperatura do cosmos há bilhões de anos é medida com precisão inédita (Imagem: Canva Pro)

O poder de resolução do ALMA permitiu detectar essas assinaturas com precisão inédita, preenchendo lacunas entre medições próximas ao Big Bang e observações atuais. Isso ajuda a criar uma linha do tempo confiável da temperatura cósmica, conectando o passado remoto à realidade presente.

Implicações para o Big Bang e a evolução cósmica

O modelo cosmológico padrão prevê que, à medida que o Universo se expande, sua temperatura diminui. Esta nova medição confirma que o cosmos era mais quente no passado, validando teorias sobre a expansão do espaço e a trajetória térmica do Universo.

  • Permite calibrar modelos que descrevem a formação de galáxias e aglomerados;
  • Reduz incertezas nas medições de radiação cósmica;
  • Fortalece a base empírica da cosmologia moderna.

Uma analogia simples ajuda a compreender: imagine um balão sendo inflado, conforme ele cresce, sua superfície se expande e a temperatura diminui. O estudo mostra que o Universo primitivo era, de fato, mais quente, como previsto por décadas de cálculos teóricos.

Contribuição para a cosmologia moderna

Este trabalho demonstra que observações de alta precisão são essenciais para manter a cosmologia anclada na realidade observacional. Além de validar modelos, a medição do ALMA fornece informações críticas para futuras pesquisas sobre a evolução das estruturas cósmicas e para entender melhor a história térmica do Universo.

A combinação de tecnologia avançada e análise cuidadosa permite que a ciência continue revelando os segredos do cosmos, transformando previsões teóricas em dados concretos e confiáveis.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.