Cientistas produzem pigmento da camuflagem do Polvo que promete revolucionar moda e tecnologia

Pigmento do polvo agora pode ser produzido em laboratório em massa (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Pigmento do polvo agora pode ser produzido em laboratório em massa (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Polvos, lulas e chocos são mestres da camuflagem, capazes de mudar a cor da pele quase instantaneamente. O segredo desse fenômeno fascinante está na xantomatina, um pigmento natural que, até recentemente, era quase impossível de produzir em laboratório. Pesquisadores da UC San Diego deram um passo revolucionário ao criar uma metodologia para gerar grandes quantidades do pigmento, abrindo portas para aplicações inovadoras em materiais, cosméticos e tecnologias sustentáveis.

O avanço não apenas amplia nosso entendimento da biologia animal, mas também demonstra como a biotecnologia inspirada na natureza pode gerar soluções práticas para desafios industriais e ambientais.

  • Produção do pigmento agora 1.000 vezes mais eficiente que métodos tradicionais;
  • Pode ser aplicado em dispositivos fotoeletrônicos, revestimentos térmicos, corantes e protetores solares naturais;
  • Utiliza bactérias geneticamente modificadas para criar ciclos autossustentáveis de produção;
  • Reduz dependência de materiais derivados de combustíveis fósseis;
  • Abre caminho para pesquisa em camuflagem inspirada na natureza e sensores ambientais.

Biotecnologia inovadora transforma bactérias em fábricas de pigmento

Superpoder da camuflagem do polvo replicado pela ciência moderna (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Superpoder da camuflagem do polvo replicado pela ciência moderna (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

A técnica envolve o conceito de “biossíntese acoplada ao crescimento”, onde a sobrevivência da bactéria depende diretamente da produção de xantomatina. Assim, os microrganismos são incentivados a gerar o pigmento de forma contínua, evitando a sobrecarga metabólica que normalmente limita a produção em laboratórios.

Além disso, a equipe aplicou evolução adaptativa em laboratório, utilizando robôs e ferramentas de bioinformática para otimizar geneticamente os micróbios. O resultado foi a capacidade de produzir até 3 gramas de pigmento por litro, em comparação com os meros 5 miligramas possíveis pelos métodos convencionais.

Xantomatina: mais que um pigmento de camuflagem

O pigmento não é exclusivo dos cefalópodes. Ele também aparece em insetos, como borboletas e libélulas, contribuindo para cores vivas e vibrantes. No contexto humano, a produção sustentável da xantomatina representa:

  • Alternativa natural a pigmentos químicos sintéticos;
  • Potencial em cosméticos, como filtros solares e maquiagens;
  • Aplicações tecnológicas, incluindo tintas inteligentes e sensores ambientais;
  • Modelo de como a natureza inspira materiais funcionais de baixo impacto ambiental.

Futuro da biofabricação inspirada na natureza

Este avanço demonstra o potencial da biotecnologia para criar materiais valiosos de maneira sustentável e eficiente. À medida que técnicas como esta evoluem, espera-se que surjam soluções inovadoras para energia, tecnologia, saúde e moda, reduzindo nossa dependência de processos industriais poluentes e de alta energia.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.