Descubra como a lipoproteína Lp(a) ameaça sua saúde cardiovascular

Monitorar Lp(a) ajuda a prevenir doenças do coração. (Foto: Pixelshot via Canva)
Monitorar Lp(a) ajuda a prevenir doenças do coração. (Foto: Pixelshot via Canva)

A saúde cardiovascular enfrenta um novo desafio: a lipoproteína (a), conhecida como Lp(a), considerada mais perigosa que o colesterol LDL, popularmente chamado de colesterol “ruim”. 

Estudos recentes indicam que níveis elevados dessa molécula podem aumentar significativamente o risco de acúmulo de placas de gordura nas artérias, inflamação vascular e complicações como infarto, AVC e calcificação da válvula aórtica.

Diferente do LDL, cuja concentração pode variar de acordo com a dieta e medicamentos, a Lp(a) é majoritariamente determinada pela genética e se mantém relativamente estável ao longo da vida. Isso a torna um marcador precoce de risco cardiovascular, mesmo em pessoas que aparentam boa saúde.

Como a Lp(a) atua no organismo

Molécula mais perigosa que colesterol ruim. (Foto: Phonlamai Photo's Images via Canva)
Molécula mais perigosa que colesterol ruim. (Foto: Phonlamai Photo’s Images via Canva)

A Lp(a) é formada por proteínas e gorduras, produzida pelo fígado, e tem uma função de transporte lipídico semelhante a outras lipoproteínas. Porém, sua ação se diferencia por:

  • Facilitar o acúmulo de placas de gordura nas artérias, aumentando a aterosclerose
  • Gerar inflamação nas paredes vasculares, tornando-as mais suscetíveis à formação de coágulos
  • Potencializar o risco de doença cardiovascular aterosclerótica, independentemente dos níveis de colesterol LDL

Estudos da Universidade de Gotemburgo e da Associação Americana do Coração reforçam que a Lp(a) representa até cinco a seis vezes mais risco que o LDL para doenças cardiovasculares graves.

Quem está em maior risco

Mulheres têm Lp(a) naturalmente mais alta que homens. (Foto: Getty Images via Canva)
Mulheres têm Lp(a) naturalmente mais alta que homens. (Foto: Getty Images via Canva)

A concentração de Lp(a) varia conforme a genética e pode ser influenciada por fatores como:

  • Histórico familiar de infarto, AVC ou doenças cardíacas
  • Sexo feminino, especialmente durante o climatério
  • Ascendência afro-americana, europeia ou sul-asiática, com maior prevalência de níveis elevados

O exame de sangue é suficiente para medir os níveis de Lp(a), que idealmente devem ser inferiores a 30 mg/dL. Pacientes com concentrações elevadas precisam monitorar de perto outros fatores de risco cardiovascular, mesmo que seus níveis de colesterol LDL estejam dentro da normalidade.

Estratégias de prevenção e cuidados

Embora não exista ainda medicação específica para reduzir a Lp(a), algumas medidas ajudam a minimizar o risco:

  • Alimentação balanceada: reduzir gorduras saturadas, priorizar frutas, verduras e legumes
  • Exercícios físicos regulares: fortalecem o coração e ajudam no controle do colesterol
  • Evitar tabagismo e consumo de álcool
  • Acompanhamento médico: monitoramento de pressão arterial, colesterol, glicemia e exames de imagem para detecção precoce de placas

Além disso, familiares de pacientes com Lp(a) elevada podem se beneficiar de rastreamento precoce, pois a predisposição genética aumenta a probabilidade de riscos cardiovasculares.

A Lipoproteína (a) emerge como um fator crítico de risco que muitas vezes passa despercebido. Apesar de ainda não haver terapias específicas, o conhecimento dos níveis de Lp(a) e a adoção de hábitos saudáveis são essenciais para prevenir complicações cardíacas graves.

O monitoramento contínuo e a prevenção personalizada podem garantir maior proteção e longevidade ao coração.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.