A saúde cardiovascular enfrenta um novo desafio: a lipoproteína (a), conhecida como Lp(a), considerada mais perigosa que o colesterol LDL, popularmente chamado de colesterol “ruim”.
Estudos recentes indicam que níveis elevados dessa molécula podem aumentar significativamente o risco de acúmulo de placas de gordura nas artérias, inflamação vascular e complicações como infarto, AVC e calcificação da válvula aórtica.
Diferente do LDL, cuja concentração pode variar de acordo com a dieta e medicamentos, a Lp(a) é majoritariamente determinada pela genética e se mantém relativamente estável ao longo da vida. Isso a torna um marcador precoce de risco cardiovascular, mesmo em pessoas que aparentam boa saúde.
Como a Lp(a) atua no organismo

A Lp(a) é formada por proteínas e gorduras, produzida pelo fígado, e tem uma função de transporte lipídico semelhante a outras lipoproteínas. Porém, sua ação se diferencia por:
- Facilitar o acúmulo de placas de gordura nas artérias, aumentando a aterosclerose
- Gerar inflamação nas paredes vasculares, tornando-as mais suscetíveis à formação de coágulos
- Potencializar o risco de doença cardiovascular aterosclerótica, independentemente dos níveis de colesterol LDL
Estudos da Universidade de Gotemburgo e da Associação Americana do Coração reforçam que a Lp(a) representa até cinco a seis vezes mais risco que o LDL para doenças cardiovasculares graves.
Quem está em maior risco

A concentração de Lp(a) varia conforme a genética e pode ser influenciada por fatores como:
- Histórico familiar de infarto, AVC ou doenças cardíacas
- Sexo feminino, especialmente durante o climatério
- Ascendência afro-americana, europeia ou sul-asiática, com maior prevalência de níveis elevados
O exame de sangue é suficiente para medir os níveis de Lp(a), que idealmente devem ser inferiores a 30 mg/dL. Pacientes com concentrações elevadas precisam monitorar de perto outros fatores de risco cardiovascular, mesmo que seus níveis de colesterol LDL estejam dentro da normalidade.
Estratégias de prevenção e cuidados
Embora não exista ainda medicação específica para reduzir a Lp(a), algumas medidas ajudam a minimizar o risco:
- Alimentação balanceada: reduzir gorduras saturadas, priorizar frutas, verduras e legumes
- Exercícios físicos regulares: fortalecem o coração e ajudam no controle do colesterol
- Evitar tabagismo e consumo de álcool
- Acompanhamento médico: monitoramento de pressão arterial, colesterol, glicemia e exames de imagem para detecção precoce de placas
Além disso, familiares de pacientes com Lp(a) elevada podem se beneficiar de rastreamento precoce, pois a predisposição genética aumenta a probabilidade de riscos cardiovasculares.
A Lipoproteína (a) emerge como um fator crítico de risco que muitas vezes passa despercebido. Apesar de ainda não haver terapias específicas, o conhecimento dos níveis de Lp(a) e a adoção de hábitos saudáveis são essenciais para prevenir complicações cardíacas graves.
O monitoramento contínuo e a prevenção personalizada podem garantir maior proteção e longevidade ao coração.

