Uma descoberta impressionante foi realizada no interior do Acre, às margens do Rio Acre, em Assis Brasil. Pesquisadores localizaram um fóssil de Stupendemys geographicus, uma tartaruga de água doce gigante que viveu há aproximadamente 13 milhões de anos.
O fóssil será analisado no laboratório de paleontologia da Universidade Federal do Acre (Ufac), permitindo novos estudos sobre a fauna pré-histórica amazônica.
A espécie Stupendemys geographicus habitou a região durante o Mioceno, período geológico que ocorreu entre 23 e 5,3 milhões de anos atrás. Essa descoberta amplia o conhecimento sobre os ecossistemas antigos do norte da América do Sul e ajuda a entender como a Amazônia se estruturava há milhões de anos.
Onde o fóssil foi encontrado e os desafios do transporte
O achado ocorreu na região conhecida como Boca dos Patos, localizada dentro da Terra Indígena Cabeceira do Rio Acre, próxima à fronteira com o Peru. Devido ao acesso remoto, o transporte do fóssil até o laboratório envolve cerca de cinco horas de percurso, combinando trechos por barco e carro. O fóssil, de grande tamanho e peso, foi protegido com gesso e aguardou um veículo adequado para ser levado em segurança à capital, Rio Branco.
A expedição é parte da iniciativa Amazônia+10, que busca explorar áreas pouco estudadas da Amazônia sul-ocidental, visando a coleta sistemática de fósseis raros.
O tamanho impressionante da Stupendemys geographicus

Essa tartaruga pré-histórica é reconhecida como a maior tartaruga de água doce já descoberta. Pesquisas indicam que indivíduos adultos podiam ultrapassar três metros de comprimento, equivalente ao tamanho de um carro médio.
O fóssil encontrado inclui uma parte significativa da carapaça, permitindo aos paleontólogos estimar as dimensões totais do animal e estudar sua morfologia detalhada.
Registros anteriores da Colômbia, Venezuela e outras regiões da América do Sul mostram que a espécie tinha hábitos aquáticos e provavelmente se alimentava de plantas e pequenos animais. O novo achado possibilita comparar informações e compreender melhor a distribuição geográfica e evolução da espécie.
Importância científica e preservação
O fóssil é uma peça chave para entender a paleontologia amazônica e reconstruir ecossistemas do Mioceno. Estudos no laboratório incluirão medições, análise da estrutura óssea e estimativa do tamanho do animal. Isso permitirá compreender não apenas a biologia da tartaruga, mas também o contexto ambiental da região.
O projeto “Novas fronteiras no registro fossilífero da Amazônia Sul-ocidental”, financiado por CNPq, Fapac e Fapesp, visa explorar rios pouco investigados e preservar fósseis raros, contribuindo para a história natural do Brasil.


 
							 
							 
							