Fóssil de 250 milhões de anos mostra dois animais abraçados

Fóssil revela Thrinaxodon e Broomistega abraçados. (Foto: Vicente Fernández et al – Licença CC BY)
Fóssil revela Thrinaxodon e Broomistega abraçados. (Foto: Vicente Fernández et al – Licença CC BY)

Um fóssil de 250 milhões de anos encontrado na África do Sul revelou algo extraordinário: dois animais completamente diferentes, Thrinaxodon e Broomistega, preservados na mesma posição, como se estivessem abraçados. Este achado, estudado por paleontólogos e publicado em revistas como PLOS One, mostra a complexidade da vida no período Triássico e traz novas perspectivas sobre o comportamento de espécies extintas.

O Thrinaxodon, um mamífero primitivo do tamanho de uma raposa, usava tocas para se proteger do calor intenso da época, enquanto o Broomistega era um anfíbio primitivo. A descoberta gerou fascínio, pois revelou uma interação inédita entre espécies tão diferentes, eternizada pelo tempo e pelos sedimentos que preencheram a toca.

Como os esqueletos foram preservados

A preservação do fóssil ocorreu de maneira única:

  • Enchente e sedimentos: lama e areia entraram na toca, cobrindo os animais rapidamente
  • Posição de abrigo: ambos os esqueletos permaneceram juntos, praticamente abraçados
  • Escaneamento digital: técnicas modernas permitiram revelar detalhes sem danificar o fóssil

Essa combinação de condições ambientais e processos naturais resultou em uma das descobertas mais emocionantes da paleontologia, mostrando que fósseis podem registrar comportamentos complexos, e não apenas estruturas anatômicas.

Teorias sobre o abraço 

Esqueletos fossilizados demonstram comportamento raro no Triássico. (Foto: Vicente Fernández et al – Licença CC BY)
Esqueletos fossilizados demonstram comportamento raro no Triássico. (Foto: Vicente Fernández et al – Licença CC BY)

Embora não haja uma explicação definitiva, algumas hipóteses destacam-se:

  • Toca compartilhada: o Broomistega pode ter buscado abrigo na toca do Thrinaxodon
  • Aceitação mútua: o Thrinaxodon poderia estar em hibernação, permitindo a aproximação do anfíbio
  • Interação inesperada: os animais podem ter formado algum tipo de convivência para se proteger do calor extremo

Independentemente da teoria, o fóssil evidencia uma interação rara entre espécies de eras pré-históricas, oferecendo pistas sobre comportamentos de sobrevivência.

Importância científica

Além de seu valor emocional, o abraço entre os animais contribui para a ciência:

  • Expande o conhecimento sobre coabitação entre espécies extintas
  • Permite estudar comportamentos de abrigo e sobrevivência do período Triássico
  • Demonstra como processos naturais podem preservar fósseis de forma extraordinária

Descobertas como essa reforçam a importância de técnicas modernas, como escaneamento 3D e análise digital, para investigar fósseis sem danificar estruturas frágeis, aumentando o entendimento sobre a vida pré-histórica.

Legado do abraço pré-histórico

Vale destacar que este é um registro único de interação entre espécies. Ele permite que cientistas e entusiastas contemplem não apenas a anatomia, mas também possíveis relações comportamentais de animais que viveram há centenas de milhões de anos.

Este achado combina mistério, ciência e emoção, mostrando que a paleontologia ainda pode surpreender e emocionar, mesmo ao estudar espécies há muito extintas.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.