Estresse afeta homens e mulheres de forma diferente, revela pesquisa

Estresse afeta cada pessoa de forma diferente. (Foto: VK Studio e Hand made font via Canva)
Estresse afeta cada pessoa de forma diferente. (Foto: VK Studio e Hand made font via Canva)

O estresse é uma resposta natural do organismo diante de situações de ameaça ou pressão. No entanto, seus efeitos não são iguais para todas as pessoas. Uma pesquisa recente realizada por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), publicada na revista Physiology & Behavior, revelou que a reação ao estresse varia de acordo com a idade e o sexo biológico

Além disso, a forma como ele se manifesta no cérebro e no comportamento pode mudar significativamente ao longo da vida.

O que o estudo analisou

Embora a pesquisa tenha sido conduzida com camundongos, o modelo utilizado reproduz experiências humanas comuns, como presenciar situações de agressão, humilhação ou bullying, mesmo sem sofrer o ataque diretamente. Esse tipo de estresse é chamado de estresse social indireto.

Os animais foram expostos a um experimento conhecido como Witness Social Defeat Stress (WSDS), no qual um roedor observa outro sendo intimidado. Embora não haja contato físico com o agressor, o simples ato de testemunhar o confronto já desencadeia impacto emocional.

Após o período de exposição, os pesquisadores avaliaram:

  • Mudanças comportamentais associadas a depressão e ansiedade
  • Atividade cerebral em regiões relacionadas à regulação emocional, como hipocampo e amígdala

Diferenças entre jovens e adultos

Os resultados mostraram que jovens são mais vulneráveis. Eles apresentaram respostas comportamentais intensas, mesmo sem alterações marcantes no cérebro. Isso sugere que, nessa fase da vida, o impacto emocional é mais direto e imediato.

Respostas distintas entre mulheres e homens

Fêmeas adultas exibem maior resiliência ao estresse. (Foto: Science Photo Library via Canva)
Fêmeas adultas exibem maior resiliência ao estresse. (Foto: Science Photo Library via Canva)

Já entre os adultos, os efeitos foram mais complexos. Houve diferenças significativas entre machos e fêmeas, tanto no comportamento quanto na ativação cerebral.

  • Fêmeas adultas demonstraram maior resiliência emocional, apresentando menor ativação em áreas ligadas ao estresse.
  • Machos adultos exibiram respostas comportamentais mais intensas, indicando maior sensibilidade ao estresse social.

Importância do estudo

O estudo reforça que intervenções em saúde mental podem precisar ser personalizadas, levando em conta:

  • Idade
  • Sexo biológico
  • Tipo de estressor vivenciado

Compreender essas diferenças pode contribuir para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para depressão, ansiedade e outros transtornos relacionados ao estresse.

O estresse é parte da vida, mas seus efeitos não se manifestam igualmente em todas as pessoas. Reconhecer como fase da vida e sexo biológico influenciam essas respostas é essencial para promover cuidados mais precisos e humanos para a saúde mental.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.