A sífilis, infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum, apresenta um panorama duplo no Brasil: enquanto a transmissão vertical, da mãe para o bebê, apresenta recuo, os casos em adultos acima de 40 anos estão crescendo. Essa tendência evidencia a necessidade de ampliar estratégias de prevenção e diagnóstico em diferentes faixas etárias, além de reforçar a conscientização sobre cuidados sexuais.
Queda inédita na sífilis congênita
Em 2024, o país registrou 24.443 casos de sífilis congênita, uma redução de 2.677 casos em relação a 2022. A taxa foi de 9,6 casos por mil nascidos vivos, com 183 óbitos em menores de um ano, equivalente a um coeficiente de mortalidade infantil de 7,2 por 100 mil nascidos vivos.
Estados como Tocantins (17,8) e Espírito Santo (12,9) apresentaram taxas acima da média nacional, enquanto o Rio de Janeiro liderou entre as gestantes, com 68,3 casos por mil nascidos vivos. O avanço no controle da transmissão vertical está associado à ampliação da testagem e ao tratamento precoce, com milhões de testes rápidos distribuídos, principalmente voltados a gestantes e grupos vulneráveis.
Crescimento entre adultos acima de 40 anos

Embora a sífilis ainda seja mais comum entre jovens, o boletim epidemiológico aponta crescimento consistente entre adultos de 40 a 49 anos e 50 anos ou mais. Entre 2021 e 2022, a incidência subiu de 76,8 para 98,8 casos por 100 mil pessoas entre 40 e 49 anos, enquanto no grupo de 50 anos ou mais aumentou de 50,6 para 67,6 por 100 mil habitantes.
Esse aumento evidencia mudanças nos comportamentos sexuais em idades mais avançadas e reforça que a prevenção com preservativos e exames regulares deve ser contínua, independente da faixa etária. Em 2024, o país registrou 120,8 casos de sífilis adquirida por 100 mil habitantes, a maior taxa desde o início da série histórica.
Sífilis: importância da detecção e tratamento
Conhecida como a “grande imitadora”, a sífilis pode apresentar sintomas variados ou até passar despercebida. A transmissão ocorre principalmente por relações sexuais desprotegidas, mas também pode ser passada de mãe para filho durante a gestação ou parto.
O diagnóstico é simples e rápido com testes rápidos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), e o tratamento é eficaz com penicilina benzatina, que evita complicações graves, incluindo sequelas em bebês quando administrada adequadamente durante o pré-natal.
O recuo da sífilis congênita mostra que testagem e tratamento precoce salvam vidas, mas o aumento entre adultos maduros alerta para a necessidade de prevenção contínua em todas as idades. O acompanhamento médico e o uso de preservativos são estratégias fundamentais para manter a doença sob controle e reduzir novos casos.

