Muitas vezes invisível, a gordura abdominal e hepática pode estar prejudicando a saúde cardiovascular silenciosamente. Um estudo recente da Universidade McMaster, publicado na revista Communications Medicine, mostra que pessoas aparentemente magras podem ter artérias danificadas devido ao acúmulo de gordura em órgãos vitais, aumentando o risco de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Os resultados reforçam que o IMC isolado não é suficiente para avaliar o verdadeiro risco cardíaco.
Gordura oculta: ameaça invisível ao coração

- Gordura visceral: acumula-se em torno de órgãos e é metabolicamente ativa.
- Gordura hepática: armazenada no fígado, contribui para inflamação e resistência à insulina.
- Dano arterial: espessamento e obstrução das artérias carótidas, essenciais para levar sangue ao cérebro.
- Risco em pessoas magras: mesmo com peso normal, essas gorduras podem prejudicar a circulação.
Estudos de ressonância magnética em mais de 33 mil adultos no Canadá e Reino Unido mostraram que a presença dessas gorduras está ligada a alterações nas artérias, independentemente de fatores tradicionais como colesterol, pressão arterial ou atividade física.
Por que o IMC não conta toda a história
O índice de massa corporal (IMC) é uma medida amplamente usada para classificar peso e saúde metabólica, mas apresenta limitações:
- Pessoas com o mesmo IMC podem ter níveis muito diferentes de gordura visceral e hepática.
- A distribuição da gordura é um fator crítico no risco cardiovascular.
- Avaliações por imagem, como ressonância magnética, podem identificar depósitos de gordura perigosos que não aparecem externamente.
Esses achados sugerem que o IMC sozinho não deve guiar a prevenção de doenças cardíacas.
Impactos metabólicos da gordura escondida
A gordura visceral e hepática está associada a alterações metabólicas que elevam o risco cardiovascular:
- Aumento do colesterol LDL e redução do HDL
- Inflamação crônica nas artérias
- Potencial para resistência à insulina
- Acúmulo silencioso de placas arteriais
Esses efeitos podem evoluir por anos sem sinais visíveis, tornando o monitoramento da gordura oculta essencial para prevenção.
Estratégias de prevenção
Para reduzir o impacto da gordura abdominal e hepática, especialistas recomendam:
- Alimentação balanceada: rica em fibras, pobre em açúcares refinados e gorduras saturadas
- Atividade física regular: combina exercícios aeróbicos e de força
- Monitoramento médico: exames de imagem quando indicado, especialmente na meia-idade
- Controle do sedentarismo: reduzir longos períodos sentado e incluir pausas ativas
A prevenção deve ser baseada na saúde metabólica e não apenas no peso corporal visível.
O estudo canadense reforça que gordura oculta no abdômen e fígado é um fator de risco cardiovascular independente. Ignorar esse acúmulo invisível pode levar a complicações graves, mesmo em pessoas sem excesso de peso aparente. Avaliar a distribuição de gordura e adotar hábitos saudáveis continua sendo a chave para proteger o coração.