Paciente desenvolve câncer após transplante; SUS nega falha nos exames

Esposa de Geraldo atualiza sobre transplante e câncer. (Foto: Reprodução / Instagram / @marciahelena.vaz)
Esposa de Geraldo atualiza sobre transplante e câncer. (Foto: Reprodução / Instagram / @marciahelena.vaz)

Transplantes de órgãos são procedimentos complexos e de alto risco, que salvam vidas em situações críticas, como hepatite C avançada. Apesar da triagem rigorosa de doadores, casos raros de câncer em órgãos transplantados podem ocorrer, despertando atenção sobre a necessidade de monitoramento contínuo do receptor.

O caso do paulista Geraldo Vaz Júnior, de 58 anos, ilustra essa situação. Após receber um fígado transplantado, exames posteriores indicaram o desenvolvimento de um tumor maligno no órgão. Embora a avaliação inicial do doador não tenha mostrado anormalidades, especialistas destacam que células cancerígenas podem permanecer ocultas em estágio inicial.

Caso de Geraldo Vaz Júnior ilustra risco raro de câncer transmitido em transplante

O caso de Geraldo Vaz Júnior, de 58 anos, evidencia uma situação extremamente rara em transplantes de fígado: o surgimento de câncer em órgão doado. Apesar de todo o rigor nos protocolos de triagem, o tumor maligno só foi detectado após o transplante.

O paciente recebeu o fígado devido a complicações da hepatite C, mas posteriormente foi diagnosticado com metástase pulmonar, indicando que células cancerígenas estavam presentes no órgão doado. A família registrou as informações e atualizações por meio de redes sociais. Veja a publicação da esposa de Geraldo Vaz Júnior no Instagram:

Como o câncer pode passar despercebido

Mesmo com protocolos internacionais de segurança e rastreabilidade, o câncer pode ser discreto e difícil de identificar. Algumas características importantes incluem:

  • Tumores em estágio inicial ou de crescimento lento podem não aparecer em exames de imagem.
  • Certos tipos, como melanomas ou tumores do sistema nervoso central, podem permanecer ocultos por meses.
  • Células cancerígenas podem se manifestar somente após o transplante, complicando a análise de origem.

Estudos confirmam que, embora raro, o transplante de órgãos contaminados pode ocorrer e exige vigilância rigorosa pós-cirurgia.

Diferença entre câncer transmitido e recidiva

É fundamental compreender que não todo câncer pós-transplante é do doador. Existem duas situações distintas:

  • Câncer transmitido pelo órgão doado: a doença estava presente no doador, mas não foi detectada na triagem.
  • Recidiva do receptor: células cancerígenas remanescentes do próprio paciente retornam, multiplicando-se após a cirurgia.

Essa distinção é importante para tratamento adequado e definição de prognóstico.

Vigilância e protocolos do SUS

O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) garante que todos os procedimentos sigam protocolos rigorosos de segurança e eficácia. A análise do doador inclui:

  • Exames laboratoriais e de imagem completos
  • Avaliação do histórico clínico e entrevistas com familiares
  • Inspeção detalhada de órgãos e cavidade abdominal

Mesmo assim, a Agência reconhece que alguns casos raros podem exigir investigação adicional para determinar a relação causal entre o transplante e o surgimento do câncer.

Monitoramento contínuo do paciente

Após a cirurgia, é essencial que o receptor seja submetido a acompanhamento contínuo, incluindo exames periódicos e acompanhamento multidisciplinar. A detecção precoce de complicações garante maior chance de tratamento eficaz e redução de riscos à saúde.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.

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