O Alzheimer é uma condição neurológica complexa que não se manifesta a partir de um único fator. Uma pesquisa recente da UCLA, publicada na revista eBioMedicine, analisou milhares de registros médicos e mostrou que a doença pode se desenvolver por quatro trajetórias distintas.
Essa descoberta é crucial, pois permite diagnósticos mais precoces e estratégias de prevenção que podem retardar a progressão para demência.
As quatro trajetórias identificadas

O estudo detalhou quatro caminhos que aumentam o risco de Alzheimer:
– Trajetória psiquiátrica: transtornos como depressão e ansiedade alteram neurotransmissores, geram inflamação cerebral e reduzem a proteção dos neurônios, facilitando o declínio cognitivo.
– Trajetória encefalopática: engloba traumas repetitivos, intoxicações e infecções que afetam amplamente o cérebro, causando lentidão mental, desatenção e prejuízos de memória.
– Trajetória vascular: condições como hipertensão, diabetes e colesterol alto comprometem a circulação cerebral, provocando microlesões que podem acelerar o Alzheimer e contribuir para demência mista.
– Comprometimento cognitivo leve: estágio de transição em que o paciente apresenta esquecimentos acima do normal, mas mantém autonomia. Intervenções precoces podem estabilizar ou até reverter o quadro.
Essas trajetórias podem atuar de forma combinada ou sequencial, criando um efeito cumulativo que aumenta significativamente o risco de desenvolver a doença.
Implicações para prevenção e tratamento
Identificar esses padrões possibilita intervenções direcionadas:
– Controle de fatores modificáveis como pressão alta e diabetes;
– Atenção à saúde mental, prevenindo agravamento de quadros psiquiátricos;
– Programas de estimulação cognitiva para pacientes em fase inicial de comprometimento leve.
Estudos anteriores, como o PALA (2012), mostram que intervenções precoces podem ter resultados positivos: 38% dos pacientes evoluíram para demência, 38% melhoraram e 24% mantiveram estabilidade, evidenciando o potencial de prevenção.
Esta pesquisa reforça que o Alzheimer é uma doença multifatorial, em que fatores psiquiátricos, vasculares, encefalopáticos e cognitivos interagem para comprometer gradualmente o cérebro.
Compreender essas trajetórias de risco permite diagnósticos antecipados, tratamentos mais eficazes e ações preventivas, aumentando a qualidade de vida e retardando o avanço da demência.