Nova terapia pode reverter gordura no fígado, dizem cientistas

Nanopartículas reduzem gordura no fígado. (Foto: Getty Images / Canva Pro)
Nanopartículas reduzem gordura no fígado. (Foto: Getty Images / Canva Pro)

Cientistas da Universidade Nacional de Cingapura desenvolveram uma abordagem inovadora que pode mudar o futuro da doença hepática gordurosa. Utilizando nanopartículas semelhantes à gordura para transportar medicamentos genéticos diretamente ao fígado, a nova técnica oferece uma alternativa precisa e segura para reduzir o acúmulo de gordura e inflamação nesse órgão vital.

A condição, conhecida como esteato-hepatite associada à disfunção metabólica (MASH), afeta milhões de pessoas no mundo e pode evoluir para cirrose ou câncer de fígado. Atualmente, poucos medicamentos disponíveis apresentam eficácia limitada, o que reforça a necessidade urgente de novas terapias.

Como funciona a nova terapia

Terapia de RNA traz esperança para o fígado. (Foto: Getty Images / Canva Pro)
Terapia de RNA traz esperança para o fígado. (Foto: Getty Images / Canva Pro)

A equipe de pesquisa criou um pequeno medicamento feito de nanopartículas lipídicas capazes de entregar moléculas de RNA (siRNA) às células do fígado. Essas moléculas têm a função de silenciar o gene SPTLC2, responsável pela produção de ceramidas, gorduras que se acumulam no fígado e causam inflamação.

Após o tratamento, os testes laboratoriais mostraram:

  • Redução significativa dos níveis de ceramida no fígado e no sangue;
    Diminuição da inflamação e da formação de cicatrizes hepáticas;
  • Melhora no funcionamento do fígado e retardo da progressão da doença.

Além disso, o tratamento demonstrou ser seguro, sem causar danos a outros órgãos, e manteve resultados positivos em modelos de curto e longo prazo.

Impacto do estudo

Publicada na revista Science Advances, a pesquisa representa um marco no uso de nanomedicamentos de RNA aplicados ao fígado. A estratégia se destaca por atacar diretamente a causa da doença, em vez de apenas tratar os sintomas.

Os pesquisadores planejam aprimorar a duração do tratamento, reduzindo a frequência das doses e expandindo sua aplicação para outras condições em que as ceramidas têm papel nocivo, como diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares.

Com o avanço dos estudos, essa terapia pode se tornar uma nova esperança para pacientes com doença hepática gordurosa, oferecendo um tratamento mais eficaz e acessível no futuro próximo.

Rafaela Lucena é farmacêutica, formada pela UNIG, e divulgadora científica. Com foco em saúde e bem-estar, trabalha para levar informação confiável e acessível ao público de forma clara e responsável.

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