Marte pode ter abrigado enormes oceanos há bilhões de anos, afirma estudo

Marte pode ter abrigado mares e vida no passado (Imagem: Mikolaj Niemczewski/ Canva Pro)
Marte pode ter abrigado mares e vida no passado (Imagem: Mikolaj Niemczewski/ Canva Pro)

A possibilidade de oceanos antigos em Marte tem intrigado cientistas há décadas. Novas análises geológicas, baseadas em formações sedimentares observadas da órbita, reforçam a hipótese de que vastas massas de água cobriram parte do hemisfério norte do planeta vermelho há bilhões de anos.

Essas descobertas não apenas sugerem que Marte teve ciclos hidrológicos prolongados, mas também elevam a chance de que o planeta já tenha oferecido condições adequadas para a vida microbiana.

Principais evidências que sustentam a teoria dos oceanos marcianos:

  • Canais invertidos, formados por antigos leitos fluviais endurecidos;
  • Deltas sedimentares semelhantes aos encontrados em sistemas terrestres;
  • Cinturões fluviais meandrantes, indicando rios persistentes;
  • Zonas de remanso, onde rios desaceleravam ao desaguar em água parada;
  • Depósitos em camadas, típicos de ambientes costeiros ou litorâneos.

Como os rios marcianos revelam o passado

Rios marcianos revelam pistas de um antigo oceano (Imagem: Frozenbunn/ Canva Pro)
Rios marcianos revelam pistas de um antigo oceano (Imagem: Frozenbunn/ Canva Pro)

Em Marte, a ausência de atividade tectônica intensa permite que marcas geológicas milenares permaneçam preservadas. Quando antigos rios secaram, seus leitos rochosos resistiram à erosão, transformando-se em cristas elevadas visíveis pelas sondas orbitais. O formato sinuoso dessas estruturas indica fluxos constantes, e não meros eventos de degelo ou enxurradas isoladas.

Esses cinturões fluviais apresentam o estreitamento característico da zona de remanso, fenômeno que ocorre quando a corrente de um rio encontra um grande corpo d’água, dinâmica também observada em sistemas como o do Rio Mississippi, na Terra.

Um ambiente propício à vida

A hipótese de um oceano marciano amplia significativamente o potencial de habitabilidade do planeta em seu passado. Grandes mares promovem estabilidade climática, ciclos químicos e ambientes favoráveis ao surgimento de vida microbiana. Se confirmada, essa teoria transforma o hemisfério norte marciano em um dos principais alvos para futuras missões.

O que ainda está por vir

Próximas missões devem combinar imagens orbitais, análises isotópicas e dados de superfície para estimar a extensão e profundidade desse possível oceano. Revelar esse passado aquático pode ser a chave para responder à pergunta que intriga a humanidade: Marte já foi um planeta vivo?

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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