Quando um objeto fora do Sistema Solar surge e se aproxima do Sol, a comunidade científica entra em alerta. Foi exatamente o caso do cometa interestelar 3I/Atlas, que realizou sua passagem mais próxima da nossa estrela em outubro de 2025. Mais do que um simples espetáculo astronômico, o evento se tornou uma oportunidade rara para investigar a química e o comportamento de um corpo formado em outro sistema planetário.
Diferentemente dos cometas típicos, o 3I/Atlas carrega uma assinatura que o torna especial: ele não pertence ao Sistema Solar. Seu movimento extremamente rápido e sua órbita hiperbólica indicam uma trajetória aberta, confirmando sua origem além do ambiente solar.
Destaques rápidos
- Origem interestelar confirmada poucas horas após a descoberta;
- Aproximação máxima ao Sol: cerca de 210 milhões de km;
- Velocidade: ~60 km/s;
- Diâmetro estimado: até 1 km;
- Rico em dióxido de carbono, sugerindo formação em regiões geladas;
- Idade estimada: 3 a 11 bilhões de anos, possivelmente mais antigo que o Sistema Solar.
Por que o 3I/Atlas chamou tanta atenção

Além da curiosidade natural que acompanha objetos interestelares, o 3I/Atlas exibiu características intrigantes. Observações detectaram jatos de gás quando ainda estava a grandes distâncias, reforçando seu vigor e a presença de substâncias voláteis. Sua coma discreta e cauda alongada confirmaram a natureza cometária logo nos primeiros registros.
O Telescópio Espacial Hubble mostrou uma coma em formato de lágrima meses antes do periélio, enquanto análises espectrais do telescópio Keck II revelaram emissão de níquel, um achado raro e cientificamente valioso. Essa composição química incomum sugere ambientes de formação diversos e extremos, diferentes daqueles encontrados nos primórdios do nosso Sistema Solar.
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Janelas futuras de observação
Embora não tenha sido visível a olho nu, seu brilho ficou abaixo de magnitude 12, o 3I/Atlas permanecerá sob vigilância. Em dezembro de 2025, deverá reaparecer para telescópios enquanto cruza constelações como Virgem e Leão.
Além disso, missões espaciais como Juice e Juno podem complementar análises indiretas sobre sua química e dinâmica, ampliando o conjunto de dados para estudos comparativos com outros visitantes interestelares, como ‘Oumuamua e 2I/Borisov.
O que aprendemos com esse viajante cósmico
O 3I/Atlas reforça a ideia de que o Universo está repleto de fragmentos de sistemas mortos ou em transformação, atravessando o espaço por bilhões de anos. Seu tamanho maior, a atividade rica em voláteis e a composição incomum tornam o objeto um arquivo natural do passado cósmico, contribuindo para decifrar como mundos distantes se formam e evoluem.
A cada visitante interestelar que descobrimos, ampliamos nossa capacidade de entender não apenas como surgiram os planetas, mas também como outros sistemas estelares funcionam e até como o nosso se compara a eles.

