Apesar de menos abundante que o dióxido de carbono (CO₂), o metano (CH₄) é um gás de efeito estufa até 80 vezes mais potente, com impacto significativo no aumento da temperatura da Terra. Segundo o relatório “An Eye on Methane 2025” do PNUMA, quase 90% dos vazamentos detectados por satélite permanecem sem ação, evidenciando um hiato entre monitoramento e medidas práticas.
O sistema MARS (Methane Alert and Response System) utiliza satélites da NASA, ESA e DLR combinados com inteligência artificial para identificar emissões anormais, principalmente de poços de petróleo, gasodutos e áreas de exploração remotas. Desde sua criação, mais de 3,5 mil alertas foram emitidos, mas apenas 12% receberam algum tipo de resposta, mostrando que o progresso na transparência e monitoramento ainda não se traduz em redução efetiva.
Principais fontes e impactos do metano

O metano é liberado por diversas atividades humanas, incluindo:
- Exploração de petróleo e gás;
- Pecuária e cultivo de arroz;
- Decomposição de resíduos orgânicos;
- Indústrias de aço e carvão, com emissões equivalentes a milhões de toneladas de CO₂.
Além de contribuir para cerca de um terço do aquecimento global atual, o metano tem efeito quase imediato quando suas emissões são reduzidas, diferentemente do CO₂, que permanece na atmosfera por séculos.
Casos críticos detectados por satélite
O monitoramento revelou vazamentos significativos em diversas regiões, como:
- Patagônia argentina: até 4,5 toneladas por hora, equivalente ao impacto climático de mais de 2 mil carros por ano;
- Turcomenistão: vazamentos contínuos desde 2023 relacionados à exploração de gás natural;
- Campos de petróleo da Líbia e Iraque: emissões detectadas via imagens de Sentinel-2, Landsat 8 e EMIT.
O papel do CO₂ e a necessidade de ações imediatas

Embora empresas de energia e governos estejam adotando medições diretas e maior transparência, a ação prática ainda é lenta. Mais de 65 companhias alcançaram o “Padrão Ouro” de relatórios, mas grandes vazamentos continuam ocorrendo, mostrando que monitoramento sem intervenção não reduz o risco climático.
Apesar do impacto do metano, o CO₂ permanece o principal responsável pelo aquecimento global, com concentração atual 50% acima dos níveis pré-industriais. Para conter a crise climática, é essencial:
- Reduzir emissões de combustíveis fósseis;
- Investir em tecnologias sustentáveis;
- Combater o desmatamento;
- Implementar soluções de baixo custo para capturar metano em aterros e indústrias.
A combinação de monitoramento satelital avançado e ações rápidas de contenção é crucial para reduzir o aquecimento global e evitar impactos ambientais severos.

