Vazamentos de metano ameaçam aquecimento global e permanecem sem ação

Satélites detectam vazamentos de metano, mas ações ainda são lentas (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
Satélites detectam vazamentos de metano, mas ações ainda são lentas (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

Apesar de menos abundante que o dióxido de carbono (CO₂), o metano (CH₄) é um gás de efeito estufa até 80 vezes mais potente, com impacto significativo no aumento da temperatura da Terra. Segundo o relatório “An Eye on Methane 2025” do PNUMA, quase 90% dos vazamentos detectados por satélite permanecem sem ação, evidenciando um hiato entre monitoramento e medidas práticas.

O sistema MARS (Methane Alert and Response System) utiliza satélites da NASA, ESA e DLR combinados com inteligência artificial para identificar emissões anormais, principalmente de poços de petróleo, gasodutos e áreas de exploração remotas. Desde sua criação, mais de 3,5 mil alertas foram emitidos, mas apenas 12% receberam algum tipo de resposta, mostrando que o progresso na transparência e monitoramento ainda não se traduz em redução efetiva.

Principais fontes e impactos do metano

ONU alerta: 90% dos vazamentos de metano continuam sem resposta (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)
ONU alerta: 90% dos vazamentos de metano continuam sem resposta (Imagem: Getty Images/ Canva Pro)

O metano é liberado por diversas atividades humanas, incluindo:

  • Exploração de petróleo e gás;
  • Pecuária e cultivo de arroz;
  • Decomposição de resíduos orgânicos;
  • Indústrias de aço e carvão, com emissões equivalentes a milhões de toneladas de CO₂.

Além de contribuir para cerca de um terço do aquecimento global atual, o metano tem efeito quase imediato quando suas emissões são reduzidas, diferentemente do CO₂, que permanece na atmosfera por séculos.

Casos críticos detectados por satélite

O monitoramento revelou vazamentos significativos em diversas regiões, como:

  • Patagônia argentina: até 4,5 toneladas por hora, equivalente ao impacto climático de mais de 2 mil carros por ano;
  • Turcomenistão: vazamentos contínuos desde 2023 relacionados à exploração de gás natural;
  • Campos de petróleo da Líbia e Iraque: emissões detectadas via imagens de Sentinel-2, Landsat 8 e EMIT.

O papel do CO₂ e a necessidade de ações imediatas

Metano é até 80 vezes mais potente que o CO₂ no aquecimento global (Imagem: Galitskaya/ Canva Pro)
Metano é até 80 vezes mais potente que o CO₂ no aquecimento global (Imagem: Galitskaya/ Canva Pro)

Embora empresas de energia e governos estejam adotando medições diretas e maior transparência, a ação prática ainda é lenta. Mais de 65 companhias alcançaram o “Padrão Ouro” de relatórios, mas grandes vazamentos continuam ocorrendo, mostrando que monitoramento sem intervenção não reduz o risco climático.

Apesar do impacto do metano, o CO₂ permanece o principal responsável pelo aquecimento global, com concentração atual 50% acima dos níveis pré-industriais. Para conter a crise climática, é essencial:

  • Reduzir emissões de combustíveis fósseis;
  • Investir em tecnologias sustentáveis;
  • Combater o desmatamento;
  • Implementar soluções de baixo custo para capturar metano em aterros e indústrias.

A combinação de monitoramento satelital avançado e ações rápidas de contenção é crucial para reduzir o aquecimento global e evitar impactos ambientais severos.

Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.