Pesquisas recentes da Universidade Harvard, apoiadas pela FAPESP, identificaram metabólitos intestinais que exercem influência direta sobre o fígado e a circulação sistêmica, desempenhando papel central na sensibilidade à insulina, no controle da obesidade e no diabetes tipo 2. Publicado na Cell Metabolism, o estudo revela como esses produtos do microbioma intestinal podem abrir caminho para novas estratégias terapêuticas.
Os metabólitos, provenientes das interações entre bactérias intestinais e células do intestino, seguem um trajeto específico:
- Veia porta hepática: transporta metabólitos do intestino para o fígado;
- Transformações hepáticas: conjugação, modificação ou eliminação de metabólitos;
- Circulação sistêmica: envio para o coração e distribuição ao restante do organismo.
Essa dinâmica demonstra que o fígado não apenas processa nutrientes, mas também recebe sinais químicos que modulam vias metabólicas e regulam a saúde metabólica.
Genética, dieta e microbioma: interações complexas

O estudo analisou camundongos com diferentes predisposições à obesidade e ao diabetes. Os resultados indicam que:
- Em animais saudáveis, 111 metabólitos foram enriquecidos na veia porta hepática e 74 no sangue periférico;
- Em camundongos suscetíveis a doenças metabólicas, dietas ricas em gordura reduziram o número de metabólitos hepáticos de 111 para 48;
- Diferenças genéticas influenciam o perfil de metabólitos enviados para o fígado, mostrando a interação entre genética, ambiente e microbioma.
Essas descobertas confirmam que tanto fatores genéticos quanto ambientais moldam a composição de metabólitos, impactando diretamente a síndrome metabólica, a resistência à insulina e o risco de diabetes tipo 2.
Implicações para saúde e tratamentos futuros

Ao compreender como os metabólitos intestinais regulam o metabolismo hepático e sistêmico, cientistas podem desenvolver abordagens mais precisas para:
- Prevenção e controle de obesidade e diabetes;
- Intervenções baseadas em modulação do microbioma;
- Estratégias nutricionais que favoreçam a produção de metabólitos benéficos.
O estudo reforça que o microbioma intestinal é um componente essencial da saúde metabólica, e que dieta, genética e micro-organismos interagem de forma complexa para determinar nosso equilíbrio metabólico.

