A Terra enfrenta uma ameaça silenciosa vinda das regiões mais frias do planeta. Enquanto discutimos emissões industriais e queimadas, uma bomba climática oculta começa a despertar: o permafrost, um solo congelado há milhares de anos, está derretendo e liberando gases capazes de intensificar o aquecimento global a níveis extremos. Esse processo, se acelerado, pode tornar partes do planeta inabitáveis para os seres humanos, alimentando uma espiral de colapso ambiental.
Apesar de parecer distante, o degelo do permafrost representa riscos globais. Isso porque, ao descongelar, ele libera enormes quantidades de carbono e metano, especialmente este último, muito mais potente no aquecimento da atmosfera. Para entender a gravidade, vale destacar os principais impactos associados a esse fenômeno:
- Aumento exacerbado do efeito estufa;
- Colapso de ecossistemas frágeis, como florestas tropicais e recifes;
- Eventos climáticos extremos: secas, tempestades e ondas de calor;
- Elevação do nível do mar e migração em massa.
O que existe sob o gelo: uma herança orgânica perigosa

O permafrost guarda restos de plantas e animais antigos, preservados antes que pudessem se decompor. Quando esse solo descongela, microrganismos reativam a decomposição, liberando CO₂ e, sobretudo, metano em grandes volumes. Estudos recentes publicados em revistas como Nature Geoscience revelam que, sob lagos formados pelo derretimento, os chamados lagos termocásticos, essas emissões são ainda mais intensas e contínuas, podendo persistir por séculos.
O risco de um ponto sem retorno climático
Mesmo com a redução das emissões humanas, os gases liberados pelo permafrost continuariam escapando por muito tempo, mantendo o aquecimento em marcha. Esse efeito retroalimentado é o maior temor dos cientistas: chegar a um ponto de não retorno, no qual o planeta entra em um ciclo de aquecimento autônomo.
Se a temperatura ultrapassar 2 °C até o fim do século, bilhões de toneladas de gases poderiam ser liberados, tornando irreversível a transformação do clima global.
Ainda é possível agir?
Manter o aquecimento abaixo de 1,5 °C é crucial. Mais do que uma meta, é uma barreira entre um futuro controlável e um cenário de extinção em cadeia. Regiões como a Amazônia correm risco de colapso, podendo perder grande parte de sua vitalidade até 2100.