Projeto de Sol artificial avança e promete energia limpa para o futuro

Ilustração artística de reator nuclear com a geração de um "sol artificial" (Crédito da imagem: Canva Pro/ Gerado com IA)

A ideia de construir um “Sol artificial” pode soar como ficção científica, mas é exatamente o que cientistas e empresas de tecnologia estão tentando tornar realidade. A fusão nuclear, processo responsável por gerar a luz e o calor no interior das estrelas, começa a ganhar força como a energia limpa do futuro nos Estados Unidos. Se dominada, essa tecnologia poderá reduzir drasticamente a dependência de combustíveis fósseis e, consequentemente, a emissão de gases de efeito estufa.

  • Fusão nuclear busca replicar a energia produzida no interior do Sol
  • Primeiro ganho líquido de energia ocorreu em 2022 na Califórnia
  • Microsoft e Google já firmaram contratos com empresas de fusão
  • Investimentos cresceram para US$ 8,9 bilhões em 2023
  • Escassez de trítio é um dos maiores obstáculos técnicos

Energia em escala estelar e bilhões em investimentos

Ilustração artística de reator nuclear com a geração de um “sol artificial” (Crédito da imagem: Canva Pro/ Gerado com IA)

Nos últimos anos, laboratórios e companhias privadas têm acelerado projetos de fusão nuclear. Um marco ocorreu em 2022, quando o Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, obteve pela primeira vez um ganho líquido de energia a partir de uma reação de fusão. Desde então, o grande desafio é transformar essa conquista em eletricidade produzida em escala comercial.

As big techs também se movimentam: a Microsoft firmou parceria com a Helion Energy para adquirir energia de fusão a partir de 2028, enquanto o Google pretende comprar 200 megawatts da Commonwealth Fusion Systems. O interesse é claro: o funcionamento crescente de serviços de inteligência artificial exige quantidades colossais de energia.

Os números confirmam a escalada: somente em 2023, 53 empresas de fusão receberam US$ 8,9 bilhões em financiamento privado e US$ 795 milhões em recursos públicos, segundo a Fusion Industry Association. Em comparação, em 2021 os investimentos não passavam de US$ 1,9 bilhão.

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Barreiras técnicas que ainda precisam ser vencidas

Ilustração de uma reação de fusão nuclear (Crédito da imagem: Canva Pro)

Apesar do entusiasmo, ainda existem obstáculos significativos. A fusão requer trítio, uma forma rara do hidrogênio. Estima-se que o planeta possua menos de 25 quilos do material disponível, enquanto um único reator pode demandar 112 quilos por ano.

Para contornar o problema, pesquisadores do Laboratório de Los Alamos estudam a produção de trítio a partir de resíduos nucleares com o uso de sistemas de sal fundido e aceleradores. Como destacou o físico Terence Tarnowsky:

“entender como o design impacta os custos e outros fatores é essencial para a nossa abordagem à tomada de decisões em relação à energia”, disse o cientista.

Esse caminho mostra que, embora a jornada seja complexa, já existe um roteiro claro para a comercialização da fusão nuclear.

Um futuro em construção

O Sol artificial ainda não ilumina nossas cidades, mas cada passo dado aproxima a humanidade de uma fonte de energia abundante, limpa e praticamente inesgotável. Se a ciência vencer os desafios, a fusão nuclear poderá se tornar um divisor de águas no combate às mudanças climáticas e na segurança energética global.

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Leandro Sinis é biólogo, formado pela UFRJ, e atua como divulgador científico. Apaixonado por ciência e educação, busca tornar o conhecimento acessível de forma clara e responsável.

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