As áreas úmidas, conhecidas como os rins naturais do planeta, desempenham um papel essencial na retenção de partículas e na filtração de contaminantes. Entretanto, a presença dos PFAS (substâncias perfluoroalquiladas e polifluoroalquiladas), famosos por sua resistência à degradação, representa um desafio crescente para o meio ambiente. Estudos recentes indicam que a interação entre plantas aquáticas e fungos simbióticos pode abrir caminho para soluções naturais e eficazes de purificação hídrica.
Em ambientes controlados, a íris-de-bandeira-amarela (Iris pseudacorus) demonstrou alto potencial na absorção desses compostos quando associada ao fungo Rhizophagus irregularis. Essa colaboração biológica reforça o poder das relações micorrízicas, nas quais fungos e raízes trocam recursos e fortalecem a tolerância a contaminantes.
Principais efeitos observados no estudo
- Absorção ampliada de PFAS de cadeia longa;
- Crescimento vegetal melhorado, mesmo sob estresse químico;
- Redução de toxicidade na água residual drenada;
- Ativação de microrganismos benéficos no substrato;
- Potencial uso em zonas úmidas artificiais de tratamento.
Fungos como aliados na degradação de poluentes persistentes

Os Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMA) mostraram ser agentes fundamentais na mitigação dos impactos dos PFAS. Ao colonizar o sistema radicular, eles ampliam a captação de nutrientes e estimulam rotas metabólicas que favorecem a transformação química dos poluentes. Diferentemente de métodos convencionais, essa abordagem biotecnológica natural sugere não apenas retenção, mas degradação em compostos menos tóxicos.
Essa descoberta representa um avanço importante na luta contra os chamados “poluentes eternos”, presentes em espumas industriais, embalagens e resíduos urbanos, que persistem por décadas no ambiente.
Rumo a sistemas naturais de saneamento
A criação de pântanos artificiais, compostos por plantas estratégicas e fungos simbióticos, surge como alternativa sustentável para o tratamento de efluentes industriais e águas residuais contaminadas. Embora os resultados tenham sido obtidos em estufa, os próximos passos envolvem testes em cenários ambientais reais, com fluxos contínuos e concentrações variadas de contaminantes.
Se confirmada sua eficácia em campo, essa técnica poderá integrar programas de saneamento ecológico, unindo baixo custo, recuperação ambiental e tecnologia viva.